Por Gabriel Santana e Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Em uma distante quinta-feira, 12 de outubro de 1916, dia de Nossa Senhora da Aparecida, o Santos inaugurava sua pioneira praça de esportes, em uma área de 16.650 metros quadrados localizada no bairro de Vila Belmiro, antiga Vila Operária, entre as ruas Tiradentes, D. Pedro I, Abolição (atual Princesa Isabel) e Guarani (atual José de Alencar).
O sonho de ter um estádio próprio começou em 1915, mais precisamente em 14 de julho, quando em uma das reuniões da diretoria foi mencionada pela primeira vez a necessidade de o clube ter sua própria “Praça de Esportes”. Urbano Caldeira, na época primeiro secretário, sugeriu o bom terreno na Vila Operária, bairro que anos mais tarde teria sua área expandida e passaria a se chamar Vila Belmiro.
O terreno foi aprovado e adquirido pelo Santos em 23 de junho de 1916, na gestão do presidente Agnello Cícero de Oliveira. A área pertencia à Companhia de Habitações Econômicas e a diretoria santista, antecipando as prestações, que deveriam durar por dez anos, liquidou a dívida em 1922.
A confirmação da posse definitiva do terreno e o registro da escritura foram feitos no 3º Cartório de Notas de Santos apenas em 22 de maio de 1989. A escritura original, redigida à mão, datada de 1922, foi registrada na Primeira Comarca de Santos.
A Inauguração
Prevista para o dia 20 de agosto de 1916, a inauguração da Praça de Esportes foi adiada para 12 de outubro devido ao falecimento do Dr. Álvaro de Oliveira Ribeiro, então vice-presidente do Alvinegro.
No dia festivo aconteceram várias partidas e brincadeiras entre os associados. Foi o adeus aos jogos nos campos situados nas avenidas Ana Costa e Conselheiro Nébias. Apenas o campo alugado pelo clube em 1912, na Vila Macuco, continuou sendo usado para os jogos da liga interna do clube até 1917.
Urbano Caldeira e Vila Belmiro
Quando o estádio santista foi fundado era chamado apenas de “campo do Santos”, ou “praça de esportes do Santos”. Com o passar dos anos, o nome do bairro virou também o apelido do estádio. Em 24 de março de 1933, após o falecimento de Urbano Caldeira, o campo passou a se chamar, oficialmente, Estádio Urbano Caldeira, em homenagem ao maior abnegado da história santista.
Em que pese o nome oficial, o estádio do Alvinegro é mais conhecido por Vila Belmiro. Com o passar dos anos recebeu ainda as denominações populares de “Alçapão da Vila” e “Vila mais famosa do mundo”.
O Alçapão
O famoso apelido de “Alçapão” – imortalizado na marchinha “Leão do Mar”, composta por Maugeri Neto e Maugeri Sobinho para comemorar o título paulista de 1955 (“Santos, sempre Santos… dentro ou fora do Alçapão”) – foi criado bem antes, em 1930, pelo jornalista Antonio Guenaga, do jornal “A Tribuna”. Naquele ano o Santos permaneceu invicto em 25 partidas jogadas em seu estádio.
Estatísticas da Vila Belmiro
Desde o primeiro jogo no campo santista, em 22 de outubro de 1916 – no qual o Santos venceu o Ypiranga por 2 a 1 –, já foram realizadas 2.272 partidas oficiais no Urbano Caldeira. Destas, o Santos venceu 1.454, empatou 445 e perdeu 373, marcando 5.704 gols e sofrendo 2.664.
Percentualmente, esses números querem dizer que o Alvinegro Praiano venceu 63,9% dos jogos oficiais que fez em seu estádio e só foi derrotado em 16,4% das vezes. Por partida, o Santos marcou, em média, 2,5 gols, e sofreu 1,1.
O Rei Pelé é o maior artilheiro do estádio santista, com 288 gols, seguido por Feitiço, com 162, e Pepe, com 152.