[:pb]Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Foi em uma distante partida amistosa disputada no Estádio da Graça, em Salvador/BA, que o craque santista Gradim marcou o gol 2000 na centenária história do Santos. O tento marcado durante a mini excursão do Peixe ao Nordeste brasileiro, foi no dia 30 de abril de 1939, um domingo.
Nessa vitória santista, pelo placar de 3 a 0 diante do EC Ypiranga, o Estádio da Graça, na capital baiana, viu o Peixe formar com Cyro, Neves e Vanderlino; Figueira, Gradim e Artigas (Laurindo); Saci (Zé Carlos), Moran, Raul, Remo e Ruy. Técnico Isaac Goldenberg.
Além de Gradim, marcaram também Raul Cabral Guedes e Rui Gomide, garantindo ao Alvinegro Praiano a taça “Cia Cervejaria Brahma” ofertada pelo clube anfitrião. Esse jogo foi o de nº 698 do time da Vila Belmiro.
O gol de nº 2000, o segundo na vitória, foi assinalado por meio de uma cobrança de pênalti. Adhemar de Oliveira, o Gradim, tinha o apelido de “Amélia”, pois não sabia dizer “não” ao técnico que o escalava em posições variadas na equipe santista. Ele foi o primeiro “coringa” do time de Vila Belmiro.
Após o término do jogo ocorreu um sururu de graves consequências, culminando com a morte de um soldado do Exército. Um zagueiro do time amarelo e preto com o sugestivo apelido de “Incêndio” provocou a confusão ao agredir o árbitro Sanches Dias e, expulso, se recusou a sair de campo.
Durante a confusão, um soldado do Exército veio a óbito e foi preciso a intervenção da Polícia e do Exército para acalmar os ânimos da revolta torcida baiana já que o juiz foi substituído e a partida teve andamento com a vitória do Alvinegro Praiano.
Nesse giro pelo Nordeste Brasileiro, o Alvinegro mais famoso do mundo disputou cinco partidas, vencendo duas, empatando outras duas e perdendo uma partida. Todas disputadas no Estádio Arthur Morais, o Estádio da Graça, inaugurado em 1920 e demolido em 1970.
Gradim jogou 271 partidas com a camisa do Santos, marcando 95 gols, no período de 1936 a 1944. O termo “Amélia” refere-se ao nome de um clássico do samba, sucesso dos anos de 1940, composto por Mário Lago e Ataulfo Alves, intitulado de “Ai, que saudade da Amélia!”.
Os ilustres torcedores do “Mais Querido” da Boa Terra
Maria Rita de Souza Brito Lopes, a Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira, era apaixonada pelo clube amarelo e preto, as cores do Ypiranga. O escritor baiano Jorge Amado era outro fanático pelo time que ainda tinha o Mestre Pastinha, o fundador da capoeira angola e o cantor Dorival Caymmi como seus famosos torcedores.
Fundado em 1906 o time soteropolitano era o maior rival do Bahia. Apelidado de “Canário” e também de “Mais querido” foi o primeiro clube a vencer o racismo que marcou o início do futebol na Bahia.[:]