Odir Cunha, do Centro de Memória
O maior time artilheiro do mundo chegou ao gol 9000 em um domingo, 24 de maio, como hoje. Naquela tarde fria e chuvosa um Santos com esperança de título enfrentava a Ferroviária no estádio Fonte Luminosa, em Araraquara, pelo Campeonato Paulista de 1987.
Estreante, o atacante Luiz Carlos já tinha marcado o primeiro gol santista, o de número 8999 da história do clube, quando, aos 29 minutos, Hugo De León deu passe medido para Osvaldo, na meia esquerda.
Baixo e um tanto acima do peso, mas bastante habilidoso, na matada o meia atacante já deixou um zagueiro estatelado no gramado, penetrou na área e bateu, firme e rasteiro, no canto direito do goleiro Washington.
Simples e bonito, o gol aqueceu o coração dos santistas e encaminhou uma vitória que se completou no segundo tempo com mais dois gols: um do próprio Osvaldo, dessa vez pela meia direita da área, recebendo passe de Mendonça e chutando rasteiro no canto direito, e outro do ponta-esquerda Arizinho, que penetrou livre e bateu cruzado.
A goleada, por 4 a 0, manteve o Santos muito bem na classificação e provocou uma crise na Ferroviária, que demitiu o técnico Bazanni. O placar pode ter sido elevado, mas a verdade é que aquele Santos, treinado pelo técnico Candinho, tinha alguns jogadores de alto nível, como Rodolfo Rodríguez, Toninho Carlos, César Sampaio, Hugo de León, Mendonça, Éder Aleixo e o próprio Osvaldo.
Nascido em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, em 9 de janeiro de 1959, Osvaldo tinha 28 anos quando marcou o gol 9000 do Santos. E esse não foi o seu primeiro gol histórico.
Em 21 de abril de 1981, aos 22 anos, havia marcado, de cabeça, o gol da vitória da Ponte Preta sobre o Grêmio, no jogo de maior público do Estádio Olímpico, com 98.421 espectadores (a Ponte venceu por 1 a 0, mas precisaria de mais um gol para se classificar para a final do Campeonato Brasileiro daquele ano).
Contratado pelo Grêmio em 1982, foi artilheiro do time na vitoriosa campanha da Copa Libertadores de 1983, com seis gols, e também jogou a final contra o Hamburgo, que deu ao time gaúcho o seu único título mundial. Chegou ao Santos em 1987, mas antes de terminar o ano transferiu-se para o Vasco, de lá para Coritiba, Comercial de Ribeirão Preto e Ponte Preta.
Mesmo sem ele, o Santos terminou na liderança após os 38 jogos da fase de classificação. Em uma época em que as vitórias ainda valiam dois pontos, chegou a 38, superando Palmeiras (37), São Paulo (36) e Corinthians (35). Na semifinal, entretanto, fez um jogo bem ruim e acabou eliminado pelo quarto colocado.
Numa época em que os títulos se tornavam escassos e a pressão para conquistá-los afetava a equipe nos momentos decisivos, a vocação ofensiva e a primazia de ser a equipe com mais gols no futebol mundial – gols como o 9000, de Osvaldo – eram os atrativos que mantinham a esperança da massa santista.