(Foto: Ivan Storti/Santos FC)
Como quase tudo que brota por essas bandas, nasci fadada à glória, mas com um ar despretensioso que beira até à soberba.
Afinal, quem apostaria que, entre as cercas e arquibancadas de madeira daquele jogo contra o Ypiranga, nasceriam aqueles que transformariam a história? Nós, é claro!
Por sorte, por acaso ou por magia, vi meus filhos virarem o mundo de cabeça para baixo. Acolhi de braços abertos um menino que veio de Bauru. Fui sua casa. Ele me transformou em alçapão. Eu o ajudei a se tornar rei. Reza a lenda que, nessa época, quem descia a tortuosa Serra do Mar pra me visitar fazia o caminho rezando. Se é verdade? Não me arrisco a dizer. Porém, confesso que espio, até hoje, pernas bambearem ao pisarem aqui.
Aliás, se eu pudesse contar tudo o que vi nesses 100 anos… Minhas paredes até tremem de lembrar das broncas do eterno capitão. E um turbilhão de emoções me invade ao lembrar dos canhões, dos elásticos, da ousadia e da alegria, das pedaladas…Entre taças, lágrimas e os joelhos dobrados em reverência, o mundo aprendeu a olhar para mim. “Qual é o segredo de tanta magia?”.
Sou de concreto, sim, mas sou mais alma, que pulsa e se inflama em cada decisão. Inferno para uns e local de devoção para outros, para muitos, hoje, não sou mais tão trend quanto já fui brasa, mora? O tempo passa… Porém, nada apaga a história. E eu sigo sendo palco dela. Muito prazer, eu sou o Templo do Futebol, eu sou a Vila Belmiro.
(Texto: Victor Borges)
Veja o vídeo, produzido pela Santos TV, que emocionou a todos: