Por Odir Cunha, do Centro de Memória
A bola está na lateral, próxima ao meio campo. Alberto recua para Elano, quatro metros atrás. Este enfia de primeira um passe curto para o lateral Maurinho, que começa a correr em diagonal. Maurinho prefere deixar a bola passar para Diego, à sua frente. Bem marcado, o meia toca de calcanhar e deixa a bola mais à frente, para Maurinho, que agora tem caminho livre para correr sete passos, quatro deles com a bola, até uma barreira mal ajustada de quatro zagueiros em linha.
Robinho corre pela esquerda e se mete por trás do zagueiro Luizão. Maurinho coloca a bola com cuidado entre os zagueiros e Robinho surge livre para dar dois toques antes de chutar no canto direito do goleiro Jeferson. São 17 minutos do segundo tempo e o time de meninos está goleando o Cruzeiro por 4 a 0, no Mineirão.
No Brasileiro de 2002 o técnico Émerson Leão tentava levar esse bando de garotos atrevidos a uma posição digna no campeonato e era obrigado a negar, a todo momento, que o Santos era um dos favoritos. Mas depois de golear o Cruzeiro por 4 a 1 (Joãozinho diminuiu aos 42 minutos) e assumir a vice-liderança da competição, ficava difícil negar o favoritismo.
Só naquela partida contra o Cruzeiro de Vanderlei Luxemburgo o Santos fez 17 finalizações e até ali mantinha a média de 19,7 finalizações por jogo, a maior entre os 26 times do campeonato. Tudo indicava que os gols e as vitórias continuariam brotando em profusão.
Mas, por essas incoerências do futebol, aquela exibição lapidar acabou representando uma das últimas do Santos na fase de classificação do campeonato. Nos oito jogos restantes o time perdeu cinco, empatou um e venceu apenas dois. Acabou ficando com a última vaga para a fase final, em oitavo lugar, superando o Cruzeiro apenas pelo saldo de gols.
No retrospecto, grande equilíbrio
Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
Santos e Cruzeiro já se enfrentaram 80 vezes e a única diferença é que o Alvinegro Praiano marcou 12 gols a mais do que o adversário. Foram 29 vitórias para cada lado, 22 empates, 127 gols santistas e 115 cruzeirenses.
Pelo Campeonato Brasileiro já ocorreram 64 jogos, das quais o Santos venceu 22, empatou 18 e perdeu 24, marcando 93 e sofrendo 88 gols.
Neste século os times já se enfrentaram 40 vezes e o equilíbrio continua. Além de 12 empates, o Santos venceu 15 jogos e marcou 55 gols; perdeu 16 e sofreu 51 tentos.
No Mineirão a vantagem é cruzeirense: em 32 jogos o time da casa venceu 13, houve 12 empates e o Santos venceu sete. Por esse retrospecto pode-se dizer que o Santos tem 21,8% de vencer a partida desse domingo e 37,5% de obter o empate. Mas o futebol, como se sabe, não é uma ciência exata.
Artilheiros santistas do confronto pelo Brasileiro
1 – Neymar, 5 gols.
2 – Elano e Toninho Guerreiro, 4 gols.