Por Odir Cunha, do Centro de Memória
No encontro em que foi fundado, em 14 de abril de 1912, as cores sugeridas para a camisa do Santos Foot-Ball Club foram branco e azul, com um friso dourado entre as duas. A ideia era agradar o Clube Concórdia, dono do salão, que tinha as mesmas cores. Mas, na verdade, essa camisa tricolor nunca foi usada pelo Santos. E no dia 31 de março de 1913, uma segunda-feira, em reunião na Sociedade União dos Empregados do Comércio, decidiu-se que o novo clube seria mesmo Alvinegro.
– Preto e branco. O preto da nobreza e o branco da paz – teria sugerido o sócio Paulo Peluccio, no que foi entusiasticamente aprovado.
A camisa branca, azul e dourada mostrou-se impraticável pela dificuldade de se encontrar o tecido dourado e também pela provável deterioração das cores após a primeira lavagem. O branco e o negro revelavam-se mais fáceis e práticos.
– E as camisas terão listras grossas, verticais, pretas e brancas, com calções brancos e meias pretas – teria prosseguido Peluccio, novamente aprovado por unanimidade.
Raymundo Marques, um dos mais ativos durante a fase de fundação do clube, comandou também essa reunião. Nela foi eleita a nova diretoria e Raymundo aclamado presidente. Os associados presentes eram:
Raymundo Marques, João Novais, Edmundo Soter de Araújo, Arsênio Castelões, Mário de Souza Fontes, Praxedes Ferreira Leão, Euclides Roque Bastos, Oscar Roque Bastos, J. Santos Neto, Lauro Martins, Nestor Junqueira, Oscar dos Santos, Luiz Ambrósio da Silva, Vicente Ferreira, Tomás Gardner, Carlos Elbel, Paulo Peluccio, José Pereira da Silva, Francisco Corrêa da Costa, Jatil Neves e Oswaldo Novais.
Na mesma reunião também foi aprovada a bandeira do Santos, de autoria de Raymundo Marques, de “feitio retangular, faixa em diagonal, da esquerda para a direita e, sobre o centro da faixa, o escudo do clube”.
Dois meses depois, em 13 de maio de 1913, uma terça-feira, o Santos foi a São Vicente fazer o seu primeiro jogo como Alvinegro. Lá venceu o São Vicente Athletic Club por 5 a 0, em jogo em comemoração dos 25 anos da Lei Áurea, aquela que concedeu total liberdade aos escravos que ainda persistiam no Brasil.
Em sua primeira partida como Alvinegro o Santos jogou com Fauvel, Geraule, Eurico e Esmeraldo; Raymundo Marques, Urbano Caldeira, Nilo, Machado e Arnaldo Silveira. Urbano também atuou como técnico do time.