Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Lá se vão 60 anos.
Sábado, 23 de maio de 1959. As 50 mil pessoas que lotaram o estádio Levsky Sofia, em Sofia, Bulgária, foram as primeiras a ver o Santos em ação na Europa. O adversário era Seleção B da Bulgária, mas os torcedores queriam mesmo era apreciar o Santos e o extraordinário Pelé, que um ano antes tinha sido o astro da Copa do Mundo da Suécia.
Machucado, o volante Zito, outro santista titular na Copa, não figurou no time que enfrentou os búlgaros, mas lá estava Pepe, o ponta-esquerda reserva na Suécia. Mesmo ainda se adaptando ao novo ambiente, o Alvinegro não fez feio, empatando em 3 a 3 com os anfitriões – dois gols de Pelé e um de Pepe, cobrando pênalti.
Nessa partida histórica, que marcou o início da longa epopeia alvinegra pelo velho continente, aventura que se repetiria por 15 anos a fio, o técnico Lula escalou o time com Laércio, Pavão e Mourão; Getúlio, Álvaro e Fioti; Dorval, Afonsinho (depois Pagão), Coutinho (Alfredinho), Pelé e Pepe.
Dois dias depois o Santos enfrentou a Seleção A da Bulgária, no mesmo estádio e diante do mesmo número de torcedores, e venceu por 2 a 0, gols de Pelé e Pagão. Mais um dia e já estaria em Liège, na Bélgica, vencendo o Standard Liège por 1 a 0, gol de Pepe; e no dia seguinte jogaria em Bruxelas e superaria o Anderlecht por 4 a 2, com dois gols de Pelé, um de Coutinho e um de Pepe.
Hoje parece incrível que uma equipe de futebol pudesse manter um alto nível de rendimento suportando tantos jogos seguidos, mas aquele Santos conseguia. Vejamos que maratona alucinante:
17 de maio – Vence o Vasco por 3 a 0, no Pacaembu, e se torna campeão do Torneio Rio-São Paulo.
19 de maio – Faz um amistoso com o Santa Cruz, em Recife, e goleia por 5 a 1.
23 de maio – Empata de 3 a 3 com a Seleção B da Bulgária, em Sofia.
25 de maio – Vence por 2 a 0 a Seleção A da Bulgária, em Sofia.
26 de maio – Vence por 1 a 0 o Standard Liège, em Liège, Bélgica.
27 de maio – Vence o Anderlecht, em Bruxelas, Bélgica, por 4 a 2.
Em resumo, seis jogos em 10 dias, em dois continentes – separados por uma longa viagem sobre o Atlântico – e três países diferentes, com o saldo de cinco vitórias e um empate, 18 gols marcados e 6 sofridos.
A excursão de 1959, além de ser a primeira, foi uma das mais vitoriosas que o Santos fez à Europa. Equipe tradicionais, como Barcelona e Internazionale, foram goleadas impiedosamente, em resultados que começaram a espalhar pelo mundo a mística do time dos negros mágicos vestidos de branco. Falaremos mais sobre esses jogos quando retratarmos a conquista do Troféu Teresa Herrera, obtido na mesma excursão.