Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Nascido em Porto Alegre (RS), no dia 26 de fevereiro de 1935, uma terça-feira, Dorval Rodrigues começou sua carreira jogando na equipe de seu estado natal, o Força e Luz, como atleta profissional onde permaneceu dos 17 aos 19 anos, depois de jogar nas equipes amadoras do Grêmio.
No início do ano de 1956, o lépido ponta-direita foi negociado com o Santos. Sua transação com o Peixe foi agilizada pelo empresário Arnaldo Figueiredo, então dirigente do Força e Luz, equipe modesta gaúcha que tinha o apelido de “Onze de Timbaúva”.
A primeira vez em que vestiu a camisa do Alvinegro Praiano foi em um amistoso no dia 20 de maio de 1956, jogado em São José do Rio Preto com a vitória por 3 a 1, com gols de Pagão, Alfredinho e Tite. O time praiano escalado por Luiz Alonso Perez, o Lula, formou com Manga (Osvaldo), Hélvio (Sarno) e Ivan; Ramiro, Formiga (Feijó) e Zito; Alfredinho (Dorval), Jair Rosa Pinto (Pepe), Pagão (Del Vecchio), Vasconcelos e Tite. No início de 1957 foi emprestado ao Juventus da Rua Javari retornando nesse mesmo ano à Vila Belmiro assumindo a titularidade da ponta-direita.
Dorval era um ponta rápido, habilidoso, esguio, com a um estilo próprio gostava de driblar para dentro e bater com a perna esquerda. Ele estava no amistoso contra o Corinthians de Santo André, no dia 7 de setembro de 1956, jogo da estreia do garoto Gasolina que depois ganharia o mundo como Pelé, o ponta titular era Alfredinho e ainda havia Tite.
Uma de suas melhores atuações já como dono da camisa 7 do Peixe foi na vitória de 5 a 1, sobre o Barcelona, no Camp Nou em 1959, na primeira ida do Santos à Europa. Nesse jogo ele marcou dois gols na goleada santista. Também se destacou na vitória de 5 a 2, sobre o São Paulo, no Pacaembu em 1962, vitória essa que deu ao Peixe o tricampeonato paulista e se sobressaiu também na partida em que a imprensa chamou de “O maior jogo do mundo”, no jogo em que decidiu a Taça Brasil, vitória de 5 a 0, sobre o Botafogo no Maracanã no dia 2 de abril de 1963.
Dorval fez parte do chamado “Ataque dos Sonhos” atuando ao lado de Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe um ataque que é até hoje cantando e prosa e verso pelos torcedores santista. Esse quinteto maravilhoso jogou entre os anos de 1960 e 1966 encantado o futebol mundial.
No correr do ano de 1964, o craque que tinha entre os colegas de equipe o apelido de “Macalé” se desentendeu com o Rei Pelé e a diretoria decidiu negociá-lo junto Batista e Luís Cláudio com o Racing da Argentina. Como o clube argentino não honrou o compromisso da compra do ponta-direita ele retornou ao Santos em 1965 ficando na Vila por mais dois anos. Sua derradeira partida com a camisa do Santos foi em 23 de abril de 1967, no Pacaembu, numa vitória por 3 a 0 sobre o Bangu, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Ele substituiu o ponta-direita Copeu.
Ao todo com a camisa do Alvinegro Praiano, Dorval atuou 610 partidas entre os anos de 1956 e 1967 marcando 194 gols e é o 6º maior artilheiro santista, e conquistou os seguintes títulos: Bicampeão Mundial e Bicampeão da Libertadores em 1962/63, Campeão Brasileiro nos anos de 1961/62/63/64 e 1965, Campeão Paulista nos anos de 1958/60/61/62/64 e 1965. Pela Seleção Brasileira enquanto esteve no Peixe jogou 13 partidas e marcou apenas um gol. Na sequência da carreira Dorval foi negociado com o Palmeiras onde atuou por apenas 20 partidas sem ter marcado nenhum gol foi uma passagem discreta pelo time alviverde. Em 1986 foi jogar no Atlético Paranaense, onde ficou até 1971 e foi campeão paranaense em 1970. No exterior jogou na Venezuela por seis meses defendendo o Valencia, depois jogou no SAAD de São Caetano/SP onde encerrou a carreira atuando até 1972.
O melhor ponta-direita que defendeu as cores do Peixe faleceu em um domingo, em Santos, no dia 26 de dezembro de 2021, aos 86 anos de idade, após ter ficado internado na Casa de Saúde de Santos com quadro clínico delicado, seu velório foi no Salão de Mármore do clube pelo qual jogou e ajudou a torna-lo um dos melhores times de futebol de todos os tempos.