Dalmo, o homem do Bicampeonato Mundial

Guilherme Guarche, do Centro de Memória
O primeiro título de Bicampeão Mundial do Santos teve a participação direta do célebre lateral-esquerdo Dalmo Gaspar, que na noite de 16 de novembro de 1963, um sábado inesquecível para os santistas, fez o gol do título, cobrando uma penalidade máxima com perfeição e muita frieza.
Duzentas mil pessoas presentes ao Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, vibraram quando a bola estufou as redes do time do Milan aos 34 minutos do primeiro tempo. Almir, que substituía Pelé, sofreu a penalidade. Pepe, cobrador oficial do Santos, deixou Dalmo pegar a bola e ir para a marca da cal ajeitar e depois bater com a confiança de um veterano, mandando a bola rasteira, rente à trave direita do goleiro Balzanni.
Dalmo Gaspar nasceu na paulista e próspera Jundiaí, a “Terra da uva”, em 19 de outubro de 1932, exatamente 17 dias após o término da Revolução Constitucionalista que teve início no dia 9 de julho de 1932 e terminou no dia 2 de outubro.
Ainda bem garoto começou no futebol no bairro Vianeio e lá foi selecionado por “olheiro” do São Paulo para um teste em um time amador de sua terra natal. Aprovado, conquistou seu primeiro título na Liga Jundiaiense de Futebol como juvenil.
Na sequência, o Paulista de Jundiaí, o “Galo da Japi”, mostrou interesse em tê-lo em seus quadros e assim aconteceu até ser contratado pelo Guarani de Campinas, já como atleta profissional.
No “Bugre Campineiro” foi ganhando notoriedade como lateral-esquerdo e logo depois foi contratado pelo Santos que já ostentava o título de Bicampeão Paulista e sua primeira participação no Alvinegro, aconteceu quando ele tinha 25 anos e foi na vitória pelo placar de 4 a 3, no dia 26 de outubro de 1957, no Estádio do Pacaembu.
O time que venceu formou com Laércio, Dalmo e Mauro Torres; Fioti, Ramiro e Zito; Tite, Álvaro, Pagão, Pelé e Pepe. O técnico era Luiz Alonso Perez, o Lula. Pagão marcou dois gols, Edgar marcou um gol contra a favor do Santos e o garoto Pelé que começava a se destacar no time santista.

Na Vila Belmiro viveu a fase mais gloriosa que um time de futebol no Brasil e no mundo já teve em todos os tempos. Dalmo não era alto (cerca de 1,74m), começou no Alvinegro Praiano como quarto-zagueiro, mas com a chegada de Chico Formiga ao Santos, e mesmo sendo destro, foi jogar na lateral-esquerda, por determinação do técnico Lula.
Dalmo pouco se machucava. Era um jogador seguro no desarme e eficiente quando precisava apoiar o ataque mágico do time da Vila Belmiro.
A última apresentação no Santos foi no dia 9 de agosto de 1964 na Rua Javari, pelo Campeonato Paulista, na vitória do Peixe pelo placar de 2 a 1, com gols de Mengálvio e Pepe. Nesse dia, o esquadrão do Alvinegro Praiano formou com Gylmar, Lima, Mauro e Dalmo, Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
O esforçado Dalmo tinha na época 31 anos. Quem entrou em sua posição foi o mineiro Geraldino. Em todo o seu período na Vila Belmiro disputou 365 partidas é o 23º jogador com mais partidas jogadas, e marcou quatro gols.  Aos amigos mais íntimos confidenciou que gostaria de ter ficado mais tempo no time que aprendeu a gostar.
Títulos conquistados no Santos:
1958 – Campeonato Paulista
1959 – Torneio Rio-São Paulo
1960 – Campeonato Paulista
1961 – Campeonato Paulista,
Campeonato Brasileiro,
1962 – Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro, Taça Libertadores da América e Mundial Interclubes
1963 – Campeonato Brasileiro, Torneio Rio-São Paulo, Taça Libertadores da América e Mundial Interclubes
1964 – Campeonato Paulista

Uma vida dedicada ao futebol
Depois de sair do Santos jogou por dois anos no Guarani e encerrou a carreira em definitivo no ano de 1967, no Paulista de Jundiaí, o time onde se profissionalizou. Como técnico treinou as equipes da Catanduvense, Santo André e Taubaté. Foi também comentarista esportivo da Rádio Cidade de Jundiaí.
Dalmo Gaspar, o lateral que bateu o pênalti mais importante de um clube brasileiro, morava na sua querida Jundiaí e lá recebeu uma bela homenagem, a medalha Petronilha Antunes.
Sempre rodeado pela família, e depois de anos vivendo uma vida sossegada sentiu surgirem alguns sinais de saúde preocupantes como o Mal de Alzheimer e ficou quase um mês internado.
Funcionário público aposentado, Dalmo era casado com Maria Carbonari Gaspar, com quem tinha dois filhos: Fábio Gaspar e Ana Paula Gaspar e tinha três netos.
Faleceu no dia 2 de fevereiro de 2015, vítima de uma infecção em um hospital na sua cidade natal, Jundiaí, aos 77 anos.

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