Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Piracicaba, município do estado de São Paulo, distante de sua capital 157 km, é a terra natal de Antônio Wilson Honório, que se vivo estive na data de hoje estaria completando 81 anos. Veio ao mundo no dia 11 de junho de 1943, uma sexta-feira e, que se tornaria famoso com o apelido de Coutinho, dado a ele por sua mãe que o chamava de “Coto de Gente”.
Coutinho foi um ser humano muito querido por seus amigos e principalmente pelos torcedores do Santos, clube pelo qual jogou a maior parte de sua carreira esportiva. Era um centroavante de apurada qualidade técnica, um craque de raciocínio rápido e frio, precioso nos arremates todos sempre leves e certeiros. Formou com o Rei Pelé uma dupla de atacantes que até hoje não foi superada no cenário não só do futebol nacional como mundial.
Foi o parceiro ideal do Rei, os quais eternizaram nos gramados a famosa tabelinha. Dentro da área era só tranquilidade e eficiência, um gênio no domínio da bola e feitura de gols. Quando iniciou sua carreira na equipe principal santista, o centroavante titular era o seu amigo Paulo César de Araújo, o Pagão que segundo Coutinho, foi um dos maiores jogadores que ele viu jogar no futebol brasileiro.
Chegada ao Santos
“Joguei contra os aspirantes do XV, o Lula gostou e me convidou para treinar no Santos. Quando surgiu a oportunidade eu arrumei o dinheiro da passagem e fui, se não me engano em maio de 1958. No primeiro coletivo não sabia quem era Pelé, Pepe, Pagão, não conhecia nenhum dos titulares. Marquei um gol e o Hélvio disse para o Lula: ‘Contrata porque vai ser craque’.
Nem cheguei a jogar no juvenil. Joguei no aspirante, amador e profissional. Entrava às vezes no lugar do Pagão, até que ganhei a posição dele”.
Coutinho é o jogador mais jovem a atuar na equipe principal do Santos FC. Sua estreia ocorreu no dia 17 de maio de 1958, em Goiânia quando o Peixe venceu a equipe do Sírio-Libanês por 7 a 1 em partida amistosa disputada no Estádio Pedro Ludovico, em Goiânia/GO com um gol de sua autoria nessa goleada, tinha na época 14 anos e 11 meses de idade.
Nessa estreia de Coutinho, o Santos dirigido por Luiz Alonso Perez, o Lula, formou com: Manga (Laércio), Getúlio (Pinduca) e Dalmo; Feijó, Ramiro e Fioti; Dorval, Álvaro, Guerra (Raimundinho), Jair (Coutinho) e Hélio.
Por ter-se contundido às vésperas do certame, deixou de ser o titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1962, no Chile, e perdido o posto para Vavá. Na Seleção jogou 13 partidas e marcou seis gols.
A última vez em que vestiu a gloriosa camisa praiana foi no dia 21 de novembro de 1970 no Parque Antártica em partida válida pela Taça de Prata (Campeonato Brasileiro) e foi um empate sem gols diante do América do Rio de Janeiro com o Peixe formando com: Cejas (Agnaldo), Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel Camargo e Turcão; Clodoaldo e Léo Oliveira; Árlem, Edu (Coutinho), Pelé e Abel. O técnico era Antônio Fernandes, o Antoninho.
Depois de dez anos no Santos ele jogou no Vitória da Bahia em 1968; na Portuguesa de Desportos em 1969; voltou a jogar no Santos em 1969 e 1970 e, encerrou a carreira no Saad, em 1973.
Com a camisa do Alvinegro Praiano fez 450 jogos e marcou 368 gols. Pela Seleção Brasileira jogou 16 partidas e marcou sete gols. Dirigindo a equipe principal santista esteve no comando do time no ano de 1984 em 17 oportunidades tendo vencido cinco empatado sete e perdido outras cinco partidas.
Trabalhou como técnico nas divisões inferiores do Santos, depois Valeriodoce, Comercial e Operário de Campo Grande, Bonsucesso/RJ, Santo André e Itaquaquecetuba.
Casado com Vera Lúcia Vieira Honório e pai de duas filhas, Coutinho tinha 75 anos quando faleceu, em 11 de março de 2019, devido a complicações da diabetes e do Mal de Alzheimer.
Sobre ele assim se expressaram:
“Coutinho é um provocador de oportunidades, de onde nascem os gols, às vezes dele próprio, mas, em maior número, gols de seus companheiros. Porque Coutinho, sem um centavo de egoísmo, procura ser útil aos colegas, certo que o todo e a unidade são os componentes da força geradora dos triunfos”. (De Vaney).
“Coutinho foi o goleador que jogou mais bonito, pois ele colocava a bola fora do alcance do goleiro, de mansinho, sem que ela tocasse na rede. Era um fenômeno”. (Zito).
“Coutinho toureava os zagueiros como ninguém, com habilidade de dar um toque para tirar o marcador da jogada. Era ele de um lado e o beque de outro, em curtíssimo espaço dentro da área, Ele não precisava de muito para driblar. Se não fizesse o gol com a categoria de sempre, iria municiar Pelé, que devolvia com precisão. Dai surgiram as famosas tabelinhas”. (Orlando Duarte).
“Nós viajávamos muito juntos, jogávamos juntos e conhecemos um pouco do mundo e das diferentes culturas. Mas o que eu tenho que agradecer a ele é que 50% dos gols que eu fiz no Santos foram em parceria com ele. Na tabela e no fato de ele me conhecer. Nessa vida, ninguém faz nada sozinho, se não tivesse parceiros à altura, nada acontece, entende?”. (Pelé).