Clássico lendário teve 13 gols e muitos ataques cardíacos

Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
O Pacaembu recebeu 43 068 pessoas para assistir ao clássico entre Santos e Palmeiras pelo Torneio Rio-São Paulo, e ao menos um torcedor não voltou para casa naquela noite de quinta-feira, 6 de março de 1958.
A imprensa noticiou que um torcedor teve uma síncope no estádio e outros ouvindo a transmissão pelo rádio. Os números são incertos. No mínimo se fala em duas mortes; no máximo, em cinco. Definitivamente, não foi um jogo para cardíaco. Também, pudera, entre viradas e reviravoltas o espetáculo terminou com a espantosa contagem de 7 a 6 para o Santos.
O Palmeiras fez o gol inaugural aos 18 minutos, quando Urias finalizou o cruzamento de Paulinho. O Santos reagiu e precisou de apenas sete minutos para virar o jogo. Pelé empatou com um poderoso chute de fora da área e, em seguida, Pagão recebeu de Dorval e arrematou para colocar o Alvinegro à frente.
No minuto seguinte, Nardo empatou novamente. Mas o Santos desempatou com Dorval, aproveitando o rebote do goleiro; Pepe ampliou para os santistas aos 39 minutos e, aos 44, Pagão não desperdiçou a oportunidade e empurrou a bola para o gol, fazendo 5 a 2 para o Peixe.
Quando o árbitro João Etzel apitou o fim do primeiro tempo, os jogadores palmeirenses foram para o vestiário desolados. O goleiro Edgard era o mais abatido. Ele começou a se lamentar e não queria voltar a campo. Sem conseguir persuadi-lo, o técnico Brandão fez entrar o goleiro reserva, Vitor.
Na segunda etapa, o Palmeiras voltou mais atento. Aos 15 minutos Caraballo substituiu Nardo e a equipe mudou taticamente. O que se viu nos 20 minutos seguintes foi o time da capital surpreender e dominar o Santos. Em uma sequência alucinante, os atacantes palmeirenses marcaram quatro gols – dois de Mazzola, um de Urias e um de Paulinho – e a 11 minutos para o final colocaram novamente o Palmeiras à frente: 6 a 5.
Mas o Santos tinha um elenco capaz de reverter o resultado e não desistiu. Aos 40 minutos, Pepe completou de cabeça um cruzamento de Dorval e, aos 42, Dorval e Pelé trocaram passes e Pepe novamente finalizou para o gol. O confronto épico chegava ao fim com o placar de 7 a 6 para o Santos.
Naquele ano de 1958 o título do Rio-São Paulo ficou com o Vasco e o vice com o Flamengo. Os cariocas se enfrentaram na penúltima rodada e atraíram o maior público de todos os tempos da competição – 129 625 torcedores no total, com 120 165 pagantes – mas o jogo que permaneceu na memória do futebol foi o eletrizante clássico paulista.
Nessa partida memorável, o Santos jogou com Manga, Hélvio (Urubatão) e Dalmo; Fiotti, Ramiro e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. O Palmeiras utilizou Edgard (Vitor), Edson e Dema; Waldemar Carabina, Fiume e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzola, Ivan e Urias.

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