Cejas, um gigante destemido

Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
No dia 22 de março de 1945, uma quinta-feira, nascia em Buenos Aires Agustin Mário Cejas, um dos melhores goleiros que já vestiram a camisa santista.
Cejas iniciou sua trajetória no futebol no Racing Club, de Avellaneda. Seu primeiro ano no time principal foi em 1962 e em 1964, aos 19 anos, disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio defendendo seu país.
Tornou-se um dos grandes ídolos e o atleta que mais atuou pelo Racing, conquistando o Campeonato Argentino de 1966, e a Taça Libertadores e o Mundial Interclubes de 1967.
Com a contusão do grande goleiro Cláudio, e as recém aposentadorias de Gylmar e Laércio, o Santos necessitava de um novo arqueiro, e foi atrás de Cejas. Contratado em 1970, ele correspondeu às expectativas e assumiu a meta santista.
O duelo com Pelé e a vinda para o Santos
Ainda em 1970, antes de ser contratado pelo Santos, Cejas teve uma grande atuação em um amistoso contra a Seleção Brasileira, no Maracanã, em 8 de março. No meio da semana, em Porto Alegre, os argentinos tinham vencido por 2 a 0. Outro resultado ruim colocaria em xeque o comando do técnico João Saldanha.
Naquele domingo, em que o maior estádio do mundo recebeu mais de 100 mil pessoas, das quais 99.684 pagantes, a Seleção Brasileira contou com os santistas Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Pelé e Edu.
O Brasil saiu na frente com Jairzinho, a um minuto de jogo; a Argentina empatou com Brindisi, aos 25 minutos, e no segundo tempo Cejas fechava o gol dos visitantes, a ponto de o locutor Cid Moreira, do Canal 100, chegar a dizer:
Cejas, o goleiro argentino, pegou tudo, um senhor keeper, como há muito não se via.
No primeiro tempo ele já tinha se jogado aos pés de Jairzinho, que penetrava livre; no segundo, saltou nos pés de Pelé, impedindo gols certos. Mas, aos 37 minutos, Pelé recebeu perto da risca da grande área e, mesmo cercado por três jogadores, deu um jeito de enfiar o pé esquerdo sob a bola e encobrir o grande goleiro, em um golaço que deu a vitória ao Brasil.
A coragem era a principal característica do gigante argentino.  Aproveitava-se de sua estatura de 1,93m para saídas arrojadas que interceptavam os cruzamentos. Também possuía ótima colocação na pequena área.
A primeira vez que atuou pelo Peixe foi em 27 de setembro de 1970, um domingo, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, diante do Cruzeiro, no Estádio do Mineirão. O jogo terminou empatado em 1 a 1, com Nenê Belarmino marcando o tento para o Alvinegro.
Em sua estreia Cejas teve ao seu lado Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Turcão; Clodoaldo e Lima; Manoel Maria, Douglas (Picolé), Nenê Belarmino e Abel (Léo Oliveira), comandados pelo técnico Antônio Fernandes, o Antoninho.
O argentino também era um exímio pegador de pênaltis. A primeira vez em que o Alvinegro participou oficialmente de uma disputa de tiros diretos da marca do pênalti foi em 1973, na final do Campeonato Paulista, diante da Portuguesa. Cejas defendeu dois chutes e encaminhou o título para o Santos. Porém, com o erro do árbitro Armando Marques na contagem das cobranças, o título acabou sendo dividido entre Santos e Portuguesa.
No mesmo ano de 1973 Cejas conquistou a Bola de Ouro da Revista Placar, escolhido como o melhor goleiro da temporada brasileira. Com 252 jogos realizados, que o colocam como o oitavo goleiro que mais atuou pelo Peixe, Cejas deixou a Vila Belmiro em 1974.
Após deixar o Santos, ele atuou pelo Huracán (1975), Grêmio (1976) e retornou ao Racing (1977-1980). Seu último clube foi o River Plate (1981).
Morando na sua cidade natal, nosso eterno arqueiro faleceu aos 70 anos, em 14 de agosto de 2015, em decorrência do Mal de Alzheimer.

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