Carlos Alberto Torres, o melhor lateral direito de todos os tempos 

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória 

Foi Clodoaldo Tavares Santana, o seu colega na equipe do Santos, que após uma sequencia de dribles passou a bola para o Rei Pelé que sutilmente a tocou para Carlos Alberto desferir um pombo sem asa, indefensável para o goleiro italiano Enrico Albertosi.  

Era o quarto e último gol na goleada sobre a Seleção Italiana na partida final da Copa de 1970, no México. Quem marcou esse golaço inesquecível que dificilmente se apagará da memória do torcedor brasileiro foi Carlos Alberto Torres, que hoje completaria 78 anos se vivo estivesse. 

Carlos Alberto nasceu numa segunda-feira, 17 de julho de 1944, no bairro de São Cristóvão, na Cidade Maravilhosa, em uma viela na Rua Sabino Vieira, 23, casa 12, e ainda bem pequeno foi criado em outro famoso bairro carioca de nome Vila Penha.  

O “Capita” como ficou conhecido por ter sido ele o grande capitão do Selecionado Nacional na conquista do Tricampeonato Mundial pelo Brasil, começou jogando nos juvenis do Tricolor das Laranjeiras, quando tinha 13 anos, levado por seu irmão Zé Luís ao Fluminense. 

Em 1963 Carlos Alberto foi convocado para atuar na Seleção Brasileira Olímpica e conquistou a medalha de ouro nos IV Jogos Pan-Americanos, em São Paulo. 

No Santos, conheceu o apogeu jogando no melhor time da década de 1960 

Seu passe foi adquirido pelo Alvinegro, em 1965 pela quantia de 200 milhões de cruzeiros, na transação mais vultosa do futebol brasileiro naquela época. O jovem com 20 anos desembarcou na Vila Belmiro para se tornar o melhor lateral-direito do time Alvinegro em toda sua história. Já trazia na bagagem o título de campeão carioca pelo Fluminense. 

Carlos Alberto jogou pela primeira vez com a camisa do Peixe em um amistoso no dia 29 de abril de 1965, uma quinta-feira, contra o Clube do Remo, no Estádio Baetão, completamente lotado. Foi uma goleada do time santista por 9 a 4.  

O Peixe escalado por Luiz Alonso Perez, o Lula formou nessa goleada com: Cláudio; Carlos Alberto (Dé), Mauro (Modesto), Geraldino e Heraldo; Lima e Mengálvio; Peixinho (Toninho), Coutinho (Rossi), Pelé (Santana) e Pepe (Abel). Nesse dia também estreava no time praiano o jovem ponta-esquerda Abel Verônico vindo do América/RJ. 

Antes da vinda do Capita para a Vila Belmiro o titular da posição era Ismael que foi para o Fluminense. Pouco tempo se passou para que Carlos Alberto se firmasse na lateral-direita do Peixe. Alto (1,82m), com personalidade e muita técnica, gostava de apoiar o ataque e marcar gols. 

Foi um percussor dos alas modernos, que apoiam o ataque a marcam gols. A braçadeira de capitão marcou sua passagem pelo Santos e pelo Selecionado Brasileiro. 

Astro da Seleção na Copa de 1970, o elegante lateral era uma das maiores atrações do Santos nas longas excursões anuais pelo mundo, além de Edu, Clodoaldo e, é claro, Pelé. 

Depois de ganhar mais de um título oficial por ano no Santos, em 1971 foi emprestado para o Botafogo carioca, que em troca cedeu os jogadores Moreira, Rogério e Ferreti. No time da Estrela Solitária permaneceu por apenas um ano.  

Seu retorno ao Peixe se deu em 1972 e mudou de posição, passando a jogar no meio da zaga, com os parceiros Marinho Peres e Vicente. 

Ao lado de Pelé, que jogava seu penúltimo ano no Santos, conquistou o Campeonato Paulista de 1973, o décimo terceiro título estadual santista. O Capita vestiu a camisa do Alvinegro Praiano por 443 vezes, marcando 40 gols, vários deles de pênalti.  

É o décimo primeiro jogador que mais vezes vestiu o manto santista. 

Ganhou dez títulos oficiais pelo Santos: cinco Paulistas, em 1965/67/68/69/73, os Brasileiros de 1965 e 1968, o Torneio Rio-São Paulo de 1966, além das Recopas  Sul-Americana e Mundial em 1968. 

Pela Seleção Brasileira, enquanto esteve no Alvinegro, disputou 61 partidas e marcou nove gols. Depois do Rei Pelé, Carlos Alberto é o segundo jogador do Alvinegro que mais vezes vestiu a camisa do Selecionado Nacional. 

Ele é também o segundo santista a levantar a Taça Jules Rimet, o primeiro foi Mauro Ramos de Oliveira, o capitão do Escrete Canarinho em 1962, no Chile. 

Na Cidade Maravilhosa e depois na Big Apple 

Quando deixou a Vila Belmiro, em 1975, seguiu para o Rio de Janeiro, onde defendeu as equipes de Flamengo e Fluminense. Na sequência, rumou para os Estados Unidos, atendendo a um pedido do eterno Rei Pelé, 

Na América do Norte atuou na equipe novata do New York Cosmos, time que ficou conhecido por reunir uma verdadeira seleção. Lá jogou quatro temporadas ao lado ao lado do Rei, de Franz Beckenbauer, de Giorgio Chinaglia e de Johan Neeskeens, aposentando-se dos gramados em 1982. 

Iniciando uma nova função, sempre ligado ao futebol, tornou-se técnico, dirigindo 16 equipes do Brasil e do Exterior, algumas delas em mais de uma vez. 

Foi escolhido para formar na seleção da América do Sul de todos os tempos na posição de zagueiro e é considerado pela FIFA como sendo um dos maiores e melhores laterais-direitos de toda a história do futebol mundial. 

Carlos Alberto ingressou na política partidária e foi eleito vereador do Rio de janeiro pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), exercendo essa função de 1989 a 1993. Ocupou também a vice-presidência da câmara municipal. 

Em 2008 candidatou-se ao cargo de vice-prefeito na Cidade Maravilhosa, não conseguindo, no entanto, se eleger. Nos últimos anos vinha exercendo com competência a função de comentarista esportivo do canal Sportv. 

Em 25 de outubro de 2016, uma terça-feira, fazia palavras cruzadas em sua casa, na Barra da Tijuca, quando sofreu um infarto fulminante. Foi levado ao Hospital Rio Mar, mas os procedimentos não foram suficientes para reanimá-lo e ele veio a óbito aos 72 anos. 

Seu corpo foi velado na sede da Confederação Brasileira de Futebol, na Barra da Tijuca, e sepultado no Cemitério do Irajá. Deixou os filhos Alexandre e Andrea, frutos da união com sua primeira esposa, Sueli. 

Também foi casado com a conhecida atriz Terezinha Sodré e ao falecer sua esposa era Graça Garbaccio. 

Seu filho primogênito, Carlos Alexandre Torres, muito parecido fisicamente com ele, também foi jogador profissional, defendendo as cores de Fluminense, Vasco e Nagoya Grampus, do Japão. 

Pular para o conteúdo