Bilú, o “rei do carrinho” – por Guilherme Gomez Guarche.
Virgílio Pinto de Oliveira, o Bilú, o “rei do carrinho”, vestiu a camisa do Santos em 195 partidas, no período de 1919 a 1930. Foi um aguerrido jogador defensivo do Peixe, sendo também técnico da equipe principal, nos anos de 1935 a 1937 e depois em 1945. Foram 105 partidas com ele à frente da equipe santista.
Sua grande conquista no comando da equipe foi a conquista do primeiro título de campeão paulista no ano de 1935. Em homenagem ao amor que teve pelo clube e por sua dedicação total ao Alvinegro, mostramos neste artigo que copiamos do Álbum de Ouro do “Pena de ouro da literatura esportiva brasileira”, o brilhante jornalista De Vaney, um pouco daquele que pode ser considerado com um dos mais fanáticos e abnegados homens que o Santos já teve em sua centenária história:
“Existem homens símbolos; há bons exemplos; conhecem-se homens ídolos; costuma haver, embora de longe em longe, os homens super-homens.
Mas estava faltando, nesta escala de homens raros, uma denominação: – homem devoção.
Virgílio Pinto de Oliveira era esse homem-devoção, devoção ao Santos F.C., grêmio que ele tanto e tanto se identificara que, quando se falava com Bilú, a impressão que se tinha, ao ouvi-lo, era a de que se escalava o próprio Santos F.C.
Queria o Santos sem alardes. Nada de bater no peito, para dizer que o amava. Não; nada disso. Bilú queria-o em silêncio, um silêncio que só ele quebrava para devolver ofensas que fizessem do clube que idolatrava, ou para defendê-lo, fosse lá em que terreno fosse.
Como futebolista, vestiu, vitoriosamente, a camisa preta e branca, a camisa limpidamente alva, durante 11 anos. E com que dedicação!
Como esportista, buscou situar o Santos em nível inatingível,
Como dirigente, seu fito era colocar o Santos neste altar em que o mundo, agora, passou a adorá-lo.
Como idealista, Bilú, era inexcedível, já que nada nem ninguém o afastavam da rota que traçara, e cuja linha a ser seguida tinha um único rumo e objetivo: – Santos F.C. cada vez maior!
Foi de suas mãos que o Santos F.C. despontou para ser, pela primeira vez, campeão do Estado. E foram essas mesmas mãos que ajudaram – e como ajudaram – a manipular em realidade aquele sonho chamado estádio Vila Belmiro.
Inimigos do Santos, eram seus inimigos. E se os amigos que possuía se desviavam da linha de conduta que ele julgava ser a mais conveniente aos destinos do Santos, eis Bilú a combater na primeira trincheira que ele mesmo abria, porque acima de tudo, acima de todos, só existia um ser: – Santos F.C.
Para Bilú, já não chegava a palavra amor, em relação ao que ele sentia pelo Santos. Devoção, devoção, isso sim, eis o que sentia na alma e no espírito desse admirável Bilú, que ainda há pouco foi conduzido ao cemitério, mas que não morreu, porque os homens devoção não morrem jamais, não desaparecem jamais, não se apagam jamais, e isso pela razão simples de que enquanto existir Santos F.C. – e existirá sempre – Virgílio Pinto de Oliveira, Bilú, estará a se agitar nas dobras da bandeira alvinegra, nos dias de triunfo, nos dias de derrota, e, sobretudo, nos dias dos eternos ideais”.