Assim nasce um Rei

Por Nicolas Godoi, do Memorial das Conquistas

No dia 23 de outubro de 1940, em uma quarta-feira, nascia em Três Corações, pequena cidade mineira, o menino Edson Arantes do Nascimento, que futuramente viria a se tornar o maior jogador de todos os tempos. Filho de Celeste Arantes e de João Ramos do Nascimento, seu nome homenageava o inventor da lâmpada incandescente, Thomas Alva Edison.

A humilde residência onde o rei nasceu hoje possui o nome mais conhecido da história, Pelé. Embora tenha nascido em Três Corações, com quatro anos foi morar em Bauru, devido ao seu pai, também jogador, contratado para jogar no antigo Lusitana FC, atualmente Bauru Atlético Clube.

O apelido Pelé nasce em uma brincadeira com os amigos da rua, ainda quando seu pai jogava no Vasco da Gama de São Lourenço, cujo goleiro titular era Bilé, que era ovacionado pela torcida em dias de jogos. Nas peladas gostava de jogar no gol e se autointitulava como o goleiro do time de seu pai. Os garotos não entendiam o que ele gritava e achavam que era “Pelé”, e a partir de então o apelido pegou.

O ex-jogador Waldemar de Brito, técnico das categorias de base do Bauru AC, via muito potencial no garoto e por ser amigo de confiança de João Ramos, o Dondinho, seu pai, foi a peça fundamental para a vinda de Pelé para o Santos, que acabava de conquistar o Campeonato Paulista.

E, portanto, em julho de 1956, com ainda 15 anos, Edson Arantes chegava a Baixada Santista para jogar no Peixe. No dia 7 de setembro do mesmo ano, realizava sua primeira partida profissional, na goleada por 7 a 1 contra o Corinthians de Santo André e marcava seu primeiro gol com o Manto Sagrado, dando início a sua caminhada para se tornar o maior artilheiro do clube.

Foi o grande protagonista de uma geração mágica. Com o Alvinegro Praiano, conquistou diversos títulos, entre eles: dois Campeonatos Mundiais, duas Libertadores, seis Brasileiros e dez Paulistas. Fez parte do chamado “Ataque dos Sonhos”, formado por: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, que quando anunciado pelos narradores, soava como uma poesia aos ouvidos do torcedor santista.

No Santos, se consolidou como o Rei do Futebol, onde jogou até 1974, marcando 1091 gols em 1116 partidas, tornando-se o primeiro jogador, em 1969, a chegar à marca de 1000 gols na carreira, em um jogo contra o Vasco da Gama, no Maracanã.

Já pela Seleção Brasileira, outro feito incrível, atuou em quatro Copas do Mundo, tendo conquistado três delas – 1958,1962 e 1970 – com 95 tentos, segue até hoje como o maior artilheiro com a camisa canarinho.

A importância de Pelé, transbordava as quatro linhas do campo. Por onde passava, seu nome era aclamado por fãs e admiradores. Em 1969, marcou seu principal gol fora de campo, pois em uma excursão do Peixe pelo continente africano, possibilitou o cessar fogo de uma guerra, na região da Nigéria, por um dia, afinal todos queriam ver o Santos de Pelé jogar. Ajudou a criar o que mais tarde seria chamado de “Santos do Mundo”.

O Camisa 10 do Santos, ressignificou o número que levava nas costas, antes apenas mais um na ordem de escalação do um ao onze, depois do desempenho do Rei, tornou-se uma marca, onde essa camisa é designada ao craque do time. Meninos, do mundo inteiro, sonham em vestir a camisa de seus times de coração com esse número mágico.

A data de hoje, neste ano, tem uma sensação diferente: é o primeiro aniversário, desde que Edson Arantes do Nascimento nos deixou. Para os apaixonados por futebol ao redor do mundo só um sentimento é válido – Saudade – para os santistas – Gratidão. Para todos, no fundo da alma, uma dor que talvez não seja possível sanar. O Reino do Futebol segue, porém, órfão do seu primeiro e único Rei. 

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