Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
Poucos atletas são santistas de nascimento e de coração. Antônio Fernandes, o Antoninho, além de craque, reunia esses dois raros quesitos e defendeu com extrema hombridade o manto santista.
Nascido em 13 de agosto de 1921, o extraordinário meia-direita foi revelado na categoria de base santista e teve suas primeiras chances no time profissional em 1941, quando ainda tinha 19 anos.
Estreou dia 20 de maio, em um amistoso diante do Coritiba, na Vila Belmiro. Naquele dia de fartura, o time ganhou por 10 a 3, com seis gols de Carabina e outros de Bonge, Raul, Cláudio e Tom Mix.
Habilidoso, técnico, incansável e com facilidade para marcar gols, Antoninho comandou o time nos vice-campeonatos estaduais de 1948 e 1950.
Além de referência no time santista, também era um destaque nacional, constantemente convocado para a Seleção Paulista. Seus contemporâneos concordam que foi uma injustiça não ter tido uma chance na Seleção Brasileira.
Arquiteto da Bola
Devido à genialidade na construção de jogadas e facilidade para dar assistências a seus companheiros, foi intitulado pela imprensa esportiva “O Arquiteto da Bola”. Segundo Zizinho, o mestre Ziza, titular da Seleção Brasileira na Copa de 50, Antoninho era o único jogador que ele respeitava na sua posição.
Amor sincero
No ano de 1950 Antoninho foi emprestado ao Palmeiras para a disputa do Torneio Rio-São Paulo. O time da capital paulista tinha o sonho de contratar em definitivo o camisa 10 do Peixe, e o Alvinegro gostaria também de vender seu craque para aliviar a situação financeira. Para realizar o “esquema” da transferência, a diretoria pediu para Antoninho conceder uma entrevista ao radialista Ernani Franco, um dos mais conhecidos e influentes de Santos.
Na entrevista, Antoninho teria de afirmar que a proposta seria boa tanto para o Santos como para ele, e que ele tinha de pensar não só em seu futuro, mas também no futuro de sua família.
Mas, durante a entrevista, Antoninho não conseguiu cumprir o prometido. Com os olhos cheios de lágrimas falou que pretendia ficar no Santos, devido ao grande amor que sentia pelo clube de Vila Belmiro.
Conquistas e pós carreira
Com a camisa 10 do Peixe Antoninho entrou em campo 402 vezes e marcou 144 gols. Não foi campeão paulista, mas conquistou a Taça Cidade de Santos e Taça das Taças, em 1948; Taça Cidade de São Paulo, em 1949; Quadrangular de Belo Horizonte, em 1951; Torneio Início e Taça Cidade de Santos em 1952.
Ao se aposentar, em 1954, iniciou sua trajetória como treinador. Antes de assumir em definitivo o comando do Peixe, em 1967, foi auxiliar técnico de Luiz Alonso Perez, o Lula.
Como treinador Antoninho conquistou o Tricampeonato Paulista (1967, 1968 e 1969), o Campeonato Brasileiro (1968), a Recopa Sul-americana (1968), a Recopa Mundial (1968), além de inúmeros torneios amistosos. Comandou a equipe em 396 jogos, sendo o segundo técnico que mais vezes dirigiu o Santos.
Frases sobre o ídolo
• Não há seleção sem Antoninho (Paulo Machado de Carvalho).
• Artista de rara beleza como jogador e professor do jogo da bola (Fiori Gigliotti).
• Nunca se ouviu diálogo tão bonito entre um jogador e a bola (Derosse de Oliveira).
• Antoninho não era bem um jogador, era sim um escultor de jogadas, que fazia a bola de giz e o gramado de quadro negro (Thomaz Mazzoni).
• Foi um nome que projetou o Santos para o Brasil (De Vaney).
• Antoninho, uma vida pelo Santos (Michel Laurence).
• Antoninho era Santos acima de tudo (Pelé).