Em São Vicente, no dia 13 de março de 1933, uma notícia entristeceu a todos que acompanhavam e amavam o Santos. Naquela segunda-feira, o jornal A Tribuna informava que Urbano Caldeira havia falecido.
O inigualável santista morreu aos 42 anos, como consequência de uma pneumonia. Ele foi jogador, técnico e exerceu os cargos de primeiro secretário, diretor geral de esportes e vice-presidente do Santos em duas oportunidades. Após sua morte, em uma homenagem justíssima, teve o seu nome dado ao estádio santista que ajudou a construir a ao qual tratava como ao filho que não teve.
O carro fúnebre levando seu corpo foi acompanhado por mais de 200 automóveis até o Cemitério do Paquetá, em Santos. Catarinense de nascimento, Urbano queria ser enterrado na sua cidade do coração.
Abaixo transcrevemos na íntegra o texto de A Tribuna publicado no dia 14 de março de 1933:
Em S. Vicente, onde ultimamente vinha residindo, à rua João Ramalho, 2, expirou, na noite de hontem, Urbano Caldeira Filho. Para o mundo esportivo local, notadamente para os associados do Santos F.C. a noticia não poderia ser mais contristadora, nem causar mais desolação, muito embora a enfermidade, bastante grave, que atacara Urbano, fizesse antever, desde há dias, o desenlace fatal hontem verificado.< /span>
Tudo foi inutil, os recursos todos da sciencia. Os desvelos e o carinho da família e dos amigos. Urbano Caldeira, o jovial e bom Urbano de todos os tempos deixou de viver. Para o Santos F. Clube a perda é de difficil reparação.
O pavilhão do alvi-negro, vezes innumeras coberto de glorias pelo trabalho, esforço e sacrificio de Urbano Caldeira, cobre-se agora de crepe pela grande perda, pelo desapparecimento daquelle que lhe consagrou quase vinte annos de trabalhos ininterruptos, tudo tendo feito e produzido pela sua grandeza e prosperidade, desde as suas notaveis conquistas materiaes aquellas assignaladas nos campos de esporte. Urbano Caldeira foi um grande abnegado do Santos. Viveu, póde-se dizer, desde que veio para a nossa cidade, para o alvi-negro e pelo alvi-negro, tudo lhe consagrando.
Sua morte, por isso, abalou profundamente todos quantos se acham ligados ao Santos e que bem sabem o que representava esse clube para Urbano Caldeira, cujo nome, entretanto, não se limitava somente à orbita esportiva local, tendo, em S. Paulo e no Rio, onde era conhecidissimo e justamente acatado.
Membro da commissão de esportes da Confederação Brasileira, sócio de vários gremios cariocas, como o S. Christovão, para a pessoa de Urbano Caldeira convergiam, nos meios esportivos do Rio, innumeras e justificadas sympathias, o mesmo se verificando em S. Paulo, pois que o querido morto tambem foi um grande batalhador pela grandeza do esporte bandeirante, que lhe deve boa soma de serviços inestimaveis.
Não só, todavia, nos centros de esporte se fez sentir e sentir profundamente a noticia contristora do passamento de Urbano Caldeira. Funcionario categorizado de aduana local, na importante repartição só soube conseguir amigos e admiradores, tal seu modo de agir, por isso que sua morte, nos meios alfandegarios, foi sentidissima, como, de resto, em toda a cidade.
A memoria do querido morto aqui deixamos as nossas mais sentidas homenagens todas do esporte local, que perde um de seus grandes vultos.