A conquista do Tricampeonato Brasileiro

[:pb]Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória

Na noite de terça-feira, 28 de janeiro de 1964, o Peixe venceu o Bahia, em Salvador, e levantou a taça do campeonato nacional pela terceira vez na sua história.

Ao todo vinte clubes, todos campeões estaduais, participaram do Campeonato Brasileiro de 1963. A competição foi disputada em duas etapas. Na primeira, os clubes foram divididos nos grupos Norte/Nordeste e Centro/Sul. Na segunda e decisiva etapa, os vencedores de cada grupo enfrentaram Botafogo e Santos. As duas equipes, campeãs de seus estados, estavam pré-classificadas para as semifinais devido ao retrospecto do Campeonato de Seleções Estaduais. Assim, o clube carioca confrontou o Bahia, campeã do grupo Norte/Nordeste, e o Santos enfrentou o Grêmio, campeão do grupo Centro/Sul.

No dia 16 de janeiro, na primeira partida das semifinais, no Estádio Olímpico, o Santos encontrou dificuldade apenas no primeiro tempo, começou perdendo e empatou em 1 a 1, com gol de Coutinho. Na segunda etapa, o Peixe voltou bem melhor e impôs sua superioridade, Pelé virou o jogo e Coutinho ampliou, completando o triunfo santista por 3 a 1 sobre o Grêmio.

Nessa partida ficou famosa uma tabelinha entre Pelé e Coutinho desde o meio de campo. Trocaram passes até a área do Grêmio sem deixar a bola cair, mas no final ela terminou nas mãos do goleiro Alberto.

No jogo da volta, dia 19, o Santos recebeu o Grêmio no Pacaembu. Nessa partida, depois do golaço de falta de Pepe, logo aos seis minutos de jogo, o Grêmio virou para 3 a 1 aos 14 minutos do primeiro tempo. Pelé diminuiu aos 30 e o Santos virou na segunda etapa. Pelé, além de ter feito três gols, foi atuar como goleiro após a expulsão de Gylmar, no final da partida.

Contra o Bahia, a decisão

O adversário do time santista na grande final foi o Bahia, campeão baiano, e que havia superado o forte Botafogo de Garrincha por 1 a 0 em Salvador, e empatado em 0 a 0 no Rio. Era a terceira vez em que Santos e Bahia se enfrentavam em uma decisão do Campeonato Brasileiro. Em 1959 o time baiano levou a melhor e em 1961 o Santos venceu. O confronto de finais estava empatado. A decisão do Campeonato Brasileiro de 1963 era o tira-teima.

A primeira partida da decisão foi realizada no Pacaembu, em 25 de janeiro, um sábado, aniversário da cidade de São Paulo. Logo aos 8 minutos Pepe fez um golaço de falta. O Santos continuou dominando e aos 26 minutos, de tanto encurralar o adversário, marcou o segundo gol. Os zagueiros baianos prensaram Pelé na área, cometendo pênalti. O próprio camisa 10 cobrou e aumentou o placar.

Com a mesma intensidade do primeiro tempo, o Santos não encontrou resistência para marcar mais quatros vezes na segunda etapa. Coutinho fez o seu aos 20, Mengálvio aos 39, Pelé aos 40 e Pepe finalizou o marcador de 6 a 0 com outra penalidade máxima, aos 44 minutos.

Três dias depois, o Santos estava em Salvador para a disputa do jogo de volta. Na época, a contagem de gols não era levada em consideração, ou seja, se o Bahia vencesse por qualquer contagem provocaria uma terceira partida.

O Santos foi a campo, escalado pelo técnico Lula, com Gylmar, Ismael, Mauro, Haroldo (Joel Camargo) e Geraldino; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. O Bahia, do técnico Geninho, formou com Nadinho, Henrique, Russo (Ivan), Hélio, Roberto, Nilsinho, Miro, Vevê, Hamilton, Mário e Biriba.

A partida, arbitrada pelo carioca Armando Marques, bateu o recorde de renda em jogos no Norte e Nordeste do País. Foram arrecadados Cr$ 21.083.300,00, para um público de 35 365 pagantes.

O Bahia iniciou pressionando e obrigou Gylmar a fazer uma defesa logo aos 5 minutos, em chute forte de Hamilton. Minutos depois, Miro realizou longo lançamento, e antes da bola chegar na área, Haroldo afastou com classe, ganhando aplausos dos espectadores. Após essa bela jogada, o zagueiro santista se contundiu, dando sua vaga ao jovem Joel Camargo.

Aos 22 minutos, em outro rápido ataque, o Bahia tentou abrir o placar com um chute de Miro, mas sem sucesso. Na primeira chance do Alvinegro, o potente ataque santista não perdoou. Aos 27 minutos, Pelé abriu a contagem em cobrança de falta.

Na segunda etapa, o Bahia voltou disposto a empatar logo no início, mas parou na excelente atuação do goleiro Gylmar. Com apenas dois minutos de jogo, o goleiro do Peixe fez uma linda defesa na cabeçada de Vevê, e quatro minutos depois repetiu a performance em um chute de Mário.

Aos 40 minutos, o Rei novamente apareceu e marcou o segundo tento do Santos, definindo a partida e o título do Campeonato Brasileiro de 1963.

Com quatro vitórias em quatro jogos, 15 gols marcados e apenas quatro sofridos, o Santos levantou a taça com cem por cento de aproveitamento, média de 3,75 gols por jogo, e ainda engatou seu terceiro título brasileiro consecutivo.

Um ano de glórias

O ano de 1963 foi um dos melhores anos da história santista. Conquistou quatro das cinco competições que disputou (Torneio Rio-São Paulo, Taça Libertadores, Campeonato Brasileiro de 1962 e Mundial Interclubes). Uma temporada longa e com calendário apertado, com 67 jogos e um saldo impressionante de 39 vitórias, 12 empates, 16 derrotas, 178 gols marcados e 115 sofridos. O Campeonato Brasileiro de 1963 conquistado no início de 1964 coroava esse período de glórias.[:]

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