Por Nicolas Godoi, do Memorial das Conquistas
No dia 16 de novembro de 1963, há exatos 60 anos, no Maracanã lotado, o Santos se consagrava bicampeão mundial, tornando-se o primeiro clube a conseguir este feito. Foram necessárias três partidas contra o Milan e o gol do lateral Dalmo, no terceiro jogo, para o Peixe confirmar o título e erguer a taça.
O balde de água fria
O primeiro confronto aconteceu no estádio San Siro, na Itália, e o Santos sofreu um golpe duro, ao ser derrotado por 4 a 2 pelo time da casa. Com o resultado adverso, a equipe santista teria que ganhar o jogo de volta para provocar a terceira partida.
Os problemas do jogo de volta começaram antes mesmo do juiz apitar, tendo em vista que o Alvinegro Praiano tinha três desfalques importantes (Calvet, Zito e Pelé). O Santos tinha perdido mais do que “só” três jogadores, perdeu a segurança de Calvet, o espirito de liderança de Zito e a genialidade de Pelé. O técnico Lula precisou remontar o time para a decisão.
O impossível virou questão de opinião
A partida não começou como planejado e o primeiro tempo terminou 2 a 0 para os italianos. O Santos precisava de algo que iria além das quatro linhas de campo.
Os deuses do Futebol parecem ter ouvido as preces das quase 200 mil pessoas presentes, e mandaram um sinal: um verdadeiro dilúvio, responsável por encharcar o gramado, tornou o campo em uma arena de batalha.
A chuva parece ter trazido inspiração para os jogadores santista, porque em 22 minutos, com dois gols de Pepe, de falta, um de Almir (Substituto de Pelé) e um de Lima, o Santos virou o placar para 4 a 2. De uma forma quase inexplicável, forçou o terceiro jogo, que aconteceria dois dias depois.
A grande emoção
O Santos foi a campo com o mesmo time da virada. No decorrer da partida a defesa se mostrava segura, porém o ataque com muitos desfalques tinha dificuldade em furar a defesa adversária. O jogo mudou quando Almir passou a ir mais ao ataque, forçando a equipe do Milan a recuar. Em um desses lances de pressão santista, o zagueiro Maldini acertou a cabeça do atacante e acabou cometendo penalidade máxima. Houve um protesto muito grande por parte dos italianos, Maldini acabou expulso e o jogo ficou paralisado por quatro minutos, devido a invasão de repórteres e policiais.
Nesse momento, algo inesperado aconteceu, no meio da confusão, Dalmo confiante, chamou a responsabilidade e pediu a bola para Pepe, que na ausência de Pelé seria o cobrador oficial. Pepe, sem pestanejar, deixou a decisão nos pés do lateral. Em poucos segundos, o silêncio apreensível dos mais de 120 mil torcedores, se transformou em um grito aliviado de gol. A emoção tomou conta do Maracanã e milhares de pessoas presenciavam a história sendo escrita diante de seus olhos. O Milan até pressionou no final do jogo, porém Gylmar e Mauro comandaram a defesa até o juiz apitar o final da partida.
O troféu foi conquistado através da raça, desfalques e até mesmo com elementos místicos, provando que aquele Santos era capaz de enfrentar qualquer adversário do mundo, coroando uma geração mágica, que jamais será esquecida pelos santistas. Talvez fosse mesmo a vontade dos Deuses do Futebol, que o melhor time de todos os tempos ficasse marcado na história como o primeiro bicampeão da maior competição de clubes.