22 de agosto deveria ser o dia do goleiro

Gabriel Santana, do Centro de Memória
Separados por exatamente 10 anos, dois dos maiores goleiros da história do Santos e do futebol brasileiro nasceram hoje, dia 22 de agosto. O santista de nascimento Gylmar do Santos Neves é de 1930, já Cláudio Mauriz, nasceu em 1940, na cidade do Rio de Janeiro.
O “Girafa”, como também era conhecido Gylmar, iniciou profissionalmente no Jabaquara. O apelido veio pela sua altura de 1,81m ainda quando era um aspirante.
Em 1949, aos 19 anos, depois de prestação militar, em que atendia como “Cabo Neves”, tornou-se titular da meta do Jabaquara. Já em 1951, após ser envolvido como contrapeso em uma negociação, transferiu-se para o Corinthians, onde permaneceu até 1961.
Voltou para a sua terra natal em 1962, aos 31 anos, para envergar a camisa do Glorioso Alvinegro Praiano.  Com sua técnica, frieza e liderança, Gylmar foi sinônimo de confiança à frente do gol do Peixe. Sabia lidar com as pressões, principalmente nos momentos mais difíceis da partida.
Seus maiores desafios foram as finais da Taça Libertadores de 1962 e 1963, quando teve de aguentar a grande pressão do Peñarol, no estádio Centenário, e do Boca Juniors, em La Bombonera. Nas duas partidas o Peixe saiu vitorioso por 2 a 1.
A famosa frase “todo time começa por um grande goleiro” nunca esteve tão correta. A máquina santista da década de 1960 tinha o seu arqueiro perfeito.
Gylmar fez 331 jogos pelo Alvinegro Praiano, pelo qual ganhou 18 títulos oficiais. É o único goleiro tetracampeão do mundo (Bicampeão pelo Santos e pela Seleção).
Foi titular absoluto até 1965, justamente o ano em que o time santista contratou Cláudio, já se precavendo de uma possível aposentadoria de Gylmar.
Cláudio, agilidade acima de tudo
Cláudio César de Aguiar Mauriz não tinha a mesma estatura de Gylmar, possuía apenas 1,75m, mas sua agilidade e colocação compensavam a sua altura.
Aos 20 anos ele começou no Fluminense, onde foi aluno de Carlos José Castilho, grande goleiro e técnico do Santos no título paulista de 1984.  Antes de chegar à Vila Belmiro, passou ainda por Olaria e Bonsucesso.
Algo raro entre os atletas, Cláudio era poliglota. Falava Inglês e Espanhol, e era o tradutor oficial dos atletas santistas quando o Peixe realizava suas grandiosas excursões.
Era um goleiro muito corajoso e não temia os choques com os atacantes. Conquistou seu primeiro título com o Peixe no ano seguinte à sua chegada, o Torneio Rio-São Paulo. De 1965 a 1973 fez 232 jogos pelo Santos e acumulou dez títulos oficiais.
Na Seleção Brasileira
A história de Gylmar na Seleção começou em 1953. Uma lesão o tirou da Copa do Mundo de 1954, na Suíça, porém foi o goleiro titular no Bicampeonato Mundial do Brasil, em 1958 e 1962. Disputou ainda a Copa de 1966. Ao todo, fez 103 partidas pela Seleção Canarinho.
Cláudio também foi cortado de uma Copa do Mundo por uma lesão, mas, infelizmente, não teve outra oportunidade, como Gylmar.  Era um dos arqueiros favoritos do técnico João Saldanha e certamente iria para a Copa de 1970 se não fossem seus problemas no joelho. Entre 1962 e 1969 fez 10 jogos oficiais pelo Brasil.
Finais de ciclos
Gylmar fez sua última partida pelo Santos em 1969. Ao longo de sua carreira foi extremamente comportado, e por isso recebeu o troféu Belfort Duarte, que era oferecido aos atletas mais disciplinados do futebol.
Ao abandonar os campos, Gylmar trabalhou em sua concessionária de automóveis e assumiu cargos administrativos na Confederação Brasileira de Futebol e na Secretaria Municipal de Esportes. Em 2000 um Acidente Vascular Cerebral lhe tirou a fala e o colocou em uma cadeira de rodas. Em 2013 teve um infarto e não resistiu. Faleceu em São Paulo, em 25 de agosto de 2013, apenas três dias depois de completar 83 anos.
Já Cláudio realizou seu ultimo jogo em 1973. Após diversos choques com atacantes, o arqueiro valente perdeu os seus meniscos, o que o afastou do futebol por mais de um ano, situação em que o desanimou para continuar jogando.
Infelizmente ele também contraiu câncer nas cordas vocais e faleceu com apenas 38 anos, no dia 24 de julho de 1979, em Nova York, onde estava internado.
Gylmar dos Santos Neves e Cláudio Mauriz, dois grandes goleiros e ídolos da história do futebol brasileiro que nasceram no mesmo dia e ficarão para sempre eternizados na memória do esporte mais popular do mundo.

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