Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
Em um belo domingo, 2 de maio de 2010, o Santos conquistou seu 18º título estadual e iniciou uma nova geração de Meninos da Vila. Na grande final o time santista enfrentou o EC Santo André duas vezes, ambas no Pacaembu. Na primeira, venceu por 3 a 2, com dois gols de Wesley e um de André. Na segunda e decisiva, mesmo com dois gols de Neymar, em grande dia, o Alvinegro foi derrotado também por 3 a 2, mas ficou com o título por ter melhor campanha.
O técnico Dorival Junior escalou o time para o segundo jogo com Felipe, Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Rodrigo Mancha, Marquinhos e Paulo Henrique Ganso; Neymar (Roberto Brum) e Robinho (André, depois Bruno Aguiar).
Os 36.360 espectadores presentes ao estádio paulistano viveram fortes emoções, pois o título esteve ao alcance das duas equipes. Em determinado momento, o jogo tomou ares de extrema tensão para o Santos, pois três de seus jogadores foram expulsos – Léo, Marquinhos e Roberto Brum – contra apenas um – Nunes – do adversário.
Com as expulsões, Dorival Júnior, que já tinha substituído Neymar e Robinho, chamou o zagueiro Bruno Aguiar para entrar no lugar de Ganso. Nesse momento, por gestos que a tevê mostrou, o meia se recusou a sair e, com os dois indicadores voltados para o chão, deixou claro que ali era o seu lugar e ficaria em campo até o final. Assim, André saiu e Ganso ficou, tonando-se o único ponto de fuga do Santos para segurar a bola no ataque.
Com a extrema categoria de um verdadeiro camisa 10 – apesar de nesse dia usar a 17 – Ganso protagonizou lances de grande inteligência, protegendo a bola contra vários adversários ou cobrando o escanteio curtinho, para ninguém, apenas para ganhar tempo.
A camisa 10, na verdade, estava reservada para o craque Giovanni, que permaneceu no banco de suplentes. Paulo Henrique Ganso não tinha a 10 nas costas, mas lhe sobrava a maestria que todo atleta deveria ter para envergar essa sagrada camisa do Santos Futebol Clube.
A conquista corou uma excepcional campanha realizada pelo Santos. Com um futebol ofensivo e descontraído, em que os gols eram comemorados por dancinhas comandadas por Neymar, o time fez 72 gols em 23 partidas, com média superior a três gols por jogo. Neymar foi o artilheiro da equipe, com 14 gols, apenas dois a menos do que Ricardo Bueno, do Oeste, o artilheiro do campeonato.
Após o título, uma nova geração se consolidou no Peixe. Liderados por Neymar e Paulo Henrique Ganso, os novos Meninos da Vila cumpriram a expectativa e ganharam títulos importantes nos anos seguintes, entre eles a Copa Libertadores de 2011.
Messias entre os garotos
O ídolo Giovanni retornava ao Santos em 2010 para sua terceira passagem pelo clube. Mesmo com pouca participação nos jogos, o craque foi importante ao passar toda a sua experiência aos jogadores jovens nos momentos decisivos. Seu único gol marcado no campeonato ocorreu em 14 de fevereiro, no Pacaembu, diante do Rio Claro, quando o eterno camisa 10 assinalou o gol da vitória santista por 2 a 1.