Vitória de virada sobre o Palmeiras garante bicampeonato paulista

Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
Em um domingo, 19 de maio de 1968, mesmo faltando três rodadas para o fim do campeonato, o Santos venceu o Palmeiras por 3 a 1, de virada, em pleno Parque Antarctica, e conquistou o décimo primeiro título estadual de sua história, mantendo a hegemonia na década de 1960.
Para levantar o troféu naquela rodada o Peixe dependia de sua vitória e do tropeço do Corinthians, o segundo colocado. O alvinegro da capital realmente foi derrotado, pelo Botafogo, em Ribeirão Preto, por 1 a 0, e os santistas puderam comemorar a conquista no Parque Antarctica.
O time corintiano foi o que mais se aproximou de disputar o título com o Peixe. Chegou a quebrar um tabu de 11 anos ao vencer o Clássico Alvinegro por 2 a 0, mas no segundo turno a equipe santista deu pouca chance ao rival. Ao final da última rodada o Santos terminou com 11 pontos à frente do vice-campeão.
O jogo do título
Dirigido pelo técnico Antoninho, o Santos foi a campo com Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel Camargo e Rildo; Lima e Clodoaldo; Toninho, Douglas, Pelé e Edu. Já o adversário, formou assim: Maidana, Djalma Santos, Baldochi, Minuca e Jorge; Julio Amaral e Zequinha; Suingue, China, Cabral (Moraes) e Gildo, comandados pelo técnico Alfredo González.
O primeiro tempo iniciou com o time da Vila Belmiro em cima dos donos da casa. Criou diversas oportunidades para abrir o marcador logo no inicio, mas não concluiu a gol, e o primeiro tempo terminou 0 a 0.
No início do segundo, o Palmeiras surpreendeu e marcou logo a um minuto, com China. O time de Vila Belmiro não se incomodou com o tento sofrido e teve uma rápida reação. Edu, em uma linda cobrança de falta deixou tudo igual, aos 9 minutos.
O Alvinegro continuou em cima da equipe da casa, e aos 15 minutos virou o marcador. Pelé fez uma magistral jogada e colocou a bola no fundo das redes do goleiro Maidana. Aos 21 minutos, Toninho Guerreiro marcou o terceiro gol do Santos.
Arbitrada por Roberto Goicochea e perante 16 176 pagantes, o Peixe faturou seu 11º título paulista. Dos nove campeonatos paulistas mais recentes, ou seja, desde 1960, o Santos havia sido campeão em sete oportunidades (1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968), mostrando toda a sua supremacia no período.
Superioridade absoluta
O peixe disputou 26 partidas na competição. Venceu 22, empatou uma e perdeu apenas três. Teve o ataque mais positivo, com 71 gols, contra 46 do Corinthians, a defesa menos vazada (22, contra 28 do vice) e o melhor saldo de gols (49, contra 18).
Toninho Guerreiro foi o autor de 19 gols, sendo o artilheiro do Peixe na campanha (o artilheiro do campeonato foi Téia, da Ferroviária, com 20 gols). Pelé fez 17 gols, Edu e Douglas outros nove, Carlos Alberto Torres marcou sete, Negreiros, Lima e Clodoaldo foram responsáveis por dois gols cada, e Rildo e Kaneko marcaram um gol cada um. Ainda houve dois gols contra a favor do Peixe, marcados por Fernando (São Bento) e Severo (América).
Joel Camargo foi o único que participou de todas as 26 partidas disputadas pelo Santos. Destaque também para Cláudio, Ramos Delgado, Rildo, Lima e Edu, que fizeram 25 jogos.
Ao todo foram utilizados 24 jogadores. Além dos citados, os seguintes atletas entraram em campo na vitoriosa campanha: Douglas Franklin, Negreiros, Abel Verônico, Oberdan, Wilson, Mengálvio, Orlando Peçanha, Geraldino, Luís Werneck, Almiro, Pepe, Gylmar e Laércio.
Nova geração
Da equipe bicampeã do mundo em 1962-1963, os dois únicos titulares na campanha do Paulista de 1968 eram Pelé e Lima. Pepe, Mengálvio e Gylmar ainda estavam no elenco, mas não eram frequentes nas partidas.
Atletas novos, como Joel Camargo, Edu, Douglas Franklin, Clodoaldo, Negreiros e Kaneko foram peças fundamentais na campanha vitoriosa. Aliados a Cláudio Mauriz, Ramos Delgado, Rildo, Carlos Alberto Torres, Toninho Guerreiro e Abel, um novo elenco estava sendo consolidado para também deixar seu nome na história do Alvinegro mais famoso do mundo.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Mengálvio afirmou que a “molecada” era realmente muito boa e que o Santos ficaria bem servido nos próximos anos.

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