O primeiro Tricampeonato Paulista a gente nunca esquece

Guilherme Guarche do Centro de Memória
Faltando três rodadas para o encerramento do Campeonato Paulista de 1962, o Santos sagrava-se Campeão pela sétima vez na chuvosa noite de uma quarta-feira, 5 de dezembro, ao vencer a equipe do São Paulo pelo placar de 5 a 2, no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.
Essa foi a edição de nª 61 do disputado certame regional que terminou com duas equipes vice-campeãs: o Tricolor do Morumbi e o Alvinegro do Parque São Jorge. Antes dessa conquista, o clube da Vila Belmiro ganhara os certames de 1935, 1955, 1956, 1958, 1960 e 1961.
José Macia, o querido Pepe, comemorou duplamente a vitória, pois naquela jornada ele estava fazendo o seu jogo de nº 500 com a camisa do time que iniciou profissionalmente em 1954. Até o fim de sua carreira em 1969, o Canhão da Vila jogou 741 partidas e marcou 403 gols defendendo as cores do Santos.
O empate naquele clássico decisivo dava o título ao Santos, mas o time da capital vendeu caro a derrota, pois determinado foi ao ataque. O médio volante Roberto Dias, um dos melhores marcadores de Pelé, avançou e abriu o placar aos 14 minutos. Logo na sequência, o meio campista Benê passou entre Mauro e Calvet e bateu na saída do goleiro Laércio, marcando o segundo tento da partida.
Mesmo tendo um placar adverso, o Santos não se intimidou. Coutinho, aos 38 minutos, deslocou o zagueiro Bellini e marcou o primeiro gol do Alvinegro. Cinco minutos depois, o ponta direita Dorval recebeu um excelente passe de Pelé e chutou forte. O goleiro do Tricolor José Poy rebateu e o mesmo Dorval assinalou o gol de empate.
No primeiro minuto da etapa complementar, Lima tocou a bola para Pelé que empurrou para Dorval desempatar a partida. O São Paulo teria de partir para o ataque e impedir a conquista do Alvinegro Praiano. Porém, aos 15 minutos, o capitão Zito passou a bola para Pelé, que tocou para Pepe atirar rasteiro e surpreender Poy: Santos 4 a 2.
Sem muito empenho e entusiasmo, o time da Capital apenas viu o Santos tocar a bola sem pressa. Mas Pelé ao apagar das luzes recebeu na meia-lua, pela direita do ataque, e fechou o placar. Resultado: 5 a 2, festa no Pacaembu e na cidade de Santos.
Essa incontestável conquista dava ao Alvinegro Praiano o seu primeiro Tricampeonato Paulista de sua história. O técnico Luiz Alonso Perez, o Lula, mandou a campo a seguinte formação: Laércio, Dalmo, Mauro, Calvet e Zé Carlos; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.
Depois de levantar a taça, o Peixe ainda jogou mais três partidas: a primeira foi derrotado por 2 a 1 para a Esportiva de Guaratinguetá; a segunda venceu o Botafogo de Ribeirão Preto por 1 a 0 e a terceira goleou a equipe da Prudentina por 4 a 0, encerrando assim a sua participação vitoriosa no certame bandeirante.
Um ano de glórias
O ano de 1962 foi simplesmente maravilhoso para o Santos. Além de ter comemorado o seu primeiro Cinquentenário de existência em 14 de abril, comemorou também a conquista do Campeonato Brasileiro, da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes.
Ao todo no certame, o time da Vila Belmiro disputou 30 partidas, venceu 23 vezes, empatou cinco e perdeu duas. A equipe marcou 102 gols e sofreu 31. O Rei Pelé foi o artilheiro máximo do campeonato pela sexta vez consecutiva, marcando 37 gols.
Em todo o ano o time marcou 245 gols em 76 partidas disputadas. Foram 51 vitórias, 14 empates e 11 derrotas. Pelé foi artilheiro com 63 gols assinalados no ano.
Os demais artilheiros do time da Vila foram: Coutinho (32), Pepe e Dorval com 09 gols cada, Pagão (5), Lima (4), Zito (3), Tite (2) e Nenê com um gol.
Cláudio Olinto de Carvalho, o Nenê, marcou apenas um gol no campeonato. Ele era considerado uma das grandes promessas do Alvinegro. Seu pai, também conhecido como Nenê, foi um dos laterais do Santos nos anos quarenta e foi o primeiro técnico do Rei Pelé quando este passou a treinar no amador do Santos em 1956.
Nenê foi convocado para defender a Seleção Amadora do Brasil na disputa dos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963. O meia armador, reserva imediato de Pelé, foi negociado nesse mesmo ano com a equipe do Juventus de Turim, pela quantia de 100 milhões de cruzeiros, um valor altíssimo naquela época.
Uma data e muitas conquistas
Noutro dia 5 de dezembro, só que em 1926, o Santos sagrava-se Campeão do Torneio Início Extra da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), no campo da Ponte Grande em São Paulo, empatando no jogo final com o Palestra Itália em 1 a 1,
Araken Patusca marcou o gol santista que formou com: Agne (goleiro sueco), Bilu e David; Américo, Marba e Renato; Hugo, Camarão, Siriri, Araken e Evangelista. O técnico era Urbano Caldeira. Nas outras partidas do torneio o Peixe venceu o Sírio por 1 a 0 e o Silex por 1 a 0.

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