Cláudio Christovam de Pinho, mais um craque revelado na Vila

Por Gabriel Santana e Odir Cunha, do Centro de Memória
É sempre bom lembrar que o primeiro grande ponta-direita do futebol brasileiro, Adolpho Millon Junior, era santista de nascimento e fundador do Santos. Dezoito anos depois de Millon deixar o Alvinegro Praiano, sua posição foi ocupada por outro garoto talentoso da cidade que chegaria à Seleção Brasileira: o ágil, habilidoso e notável finalizador Cláudio Christóvam de Pinho, nascido em Santos em 18 de julho 1922, que se iniciou no futebol nas categorias de base do clube.
O garoto mostrou o seu talento pela primeira vez nos torneios chamados “Manhãs Esportivas”, na Vila Belmiro. As competições eram uma espécie de “peneira”, e Cláudio aproveitou bem a oportunidade. Destacou-se integrando a equipe “Antônio Guenaga”, e logo passou a fazer parte da equipe principal do Peixe.
Estreou no time profissional com apenas 17 anos, em 27 de março de 1940, em um duelo amistoso diante do São Paulo Railway, na Vila Belmiro. O Santos foi derrotado por 4 a 3, e Cavaco marcou os três gols do time. O primeiro gol do jovem ponta-direita saiu dias depois, em 4 de abril, em outro amistoso, dessa vez diante do Guarani, em Campinas. Além de Cláudio, Cavaco, Rui e Mota completaram a goleada santista por 4 a 1.
No início da difícil década de 1940, Cláudio dividiu com o meia Antoninho o protagonismo de um time que costumava ficar na metade da tabela do Campeonato Paulista. Defendeu o Santos nos anos de 1940 e 1941, transferiu-se em 1942 para o Palmeiras e voltou para mais dois anos na Vila. Saiu, definitivamente, em 1945, contratado pelo Corinthians.
Nos 111 jogos que realizou pelo Alvinegro Praiano, Cláudio assinalou 33 gols. Com uma grande aptidão para cobrar faltas e escanteios, também distribuía passes para gols de seus companheiros e tinha papel importante de liderança na equipe.
Seleções Paulista e Brasileira
Logo no início da carreira passou a ser convocado para a Seleção Paulista e em 1941, aos 19 anos, se tornou campeão brasileiro (de seleções), ao lado de Rui Gomide e Gradim, seus companheiros de Santos.
No ano seguinte, 1942, teve a sua primeira convocação para a Seleção Brasileira, quebrando uma sequência de 11 anos sem nenhum santista convocado para o “scratch canarinho”. Alfredo Pires e Feitiço, em 1931, haviam sido os últimos. Cláudio disputou três partidas no Sul-americano de 1942, no Uruguai, e marcou um gol.
Nos quatro grandes
Um dos raros jogadores a defender os quatro grandes de São Paulo, Cláudio jogou pelo Palmeiras e foi campeão paulista em 1942, marcando o primeiro gol do clube com essa nova denominação. Em 1945 transferiu-se para o Corinthians, onde permaneceu por 12 anos e se tornou ídolo e maior artilheiro da história do clube, com 305 gols. Coutinho, terceiro maior artilheiro do Santos, marcou 368 gols.
Quando trocou a Vila Belmiro pelo Parque São Jorge, o contrato firmado entre os clubes estabeleceu que Cláudio não atuaria contra o Santos em partidas oficiais, e que seria realizado um amistoso entre as equipes, com renda para o Santos.
Esse amistoso foi disputado em 18 de julho de 1946, dia do aniversário de 24 anos de Cláudio Christovam de Pinho, no Pacaembu. O confronto terminou empatado em 3 a 3, com dois gols de Antoninho e um de Zeferino para o Santos, e dois de Baltazar e um de Servílio para o Corinthians. Claudio jogou pelo alvinegro paulistano. A renda foi de Cr$ 43.041,00.
Epílogo, tamboréu e morte
A derrota para o São Paulo, na final do Paulista de 1957, marcou seu último jogo pelo alvinegro da Capital. Mas continuou no clube, assumindo o cargo de técnico do time. Demitido após 14 meses, aos 37 anos aceitou o convite do São Paulo para voltar aos gramados como jogador. Fez mais de 30 jogos e marcou 10 gols pelo tricolor paulista, completando seu périplo pelos quatro grandes do Estado.
Não voltou mais a servir ao clube, mas continuou morando em Santos e se tornou um dos destaques nos prestigiados jogos de tamboréu, chegando a ser campeão de duplas do cobiçado torneio do jornal A Tribuna. O ponta-direita que aprendeu os segredos do futebol na Vila Belmiro e levou o Santos de volta à Seleção Brasileira faleceu em 1º de maio de 2000, em Santos, vítima de ataque cardíaco.

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