Por Gabriel Pierin do Centro de Memória
Com uma atuação extraordinária no segundo tempo, o Santos goleou o Independiente, da Argentina, por 4 a 0, no dia 23 de fevereiro de 1965, em Caracas, conquistando o Torneio Quadrangular de Caracas e desforrando-se das três derrotas que lhe haviam sido impostas no ano anterior pelo time argentino.
Santos e Independiente formavam o clássico das Américas naquele ano de 1965. O time brasileiro havia conquistado o bicampeonato da Libertadores (1962/63) e o Independiente era o atual campeão do torneio, conquistado de forma invicta no ano anterior.
O torneio era especial para a Venezuela. Sua capital, Caracas, comemorava os 400 anos de sua fundação. O futebol se popularizava no país e a chance de ver o confronto final entre o Santos de Pelé e o Independiente do atacante Rodriguez atraiu 41 000 pessoas ao Estádio Olímpico da Cidade Universitária de Caracas, batendo recorde de renda à época.
Nessa noite de terça-feira, o técnico Lula formou o Santos com Gylmar, Lima, Joel, Olavo e Geraldino; Zito, Mengálvio (depois Ismael) e Pelé (depois Gilberto); Dorval, Toninho e Pepe (depois Peixinho). O Independiente jogou com Santoro, Pavone (depois Suarez) e Navarro; Ferrero, Gusman e Paflik; Savoy, Mura (depois Acevedo), Suarez (depois Rodriguez), De La Mata e Bernao (depois Gruzien).
O primeiro tempo terminou sem gols. No segundo, o Santos abriu a contagem aos 4 minutos, por intermédio de Toninho. O atacante recebeu a bola e com uma meia volta arrematou para o fundo das redes do goleiro Santoro. Com esse tento, o time de Vila Belmiro alcançava a marca de 6 000 gols.
O quadro brasileiro continuou atacando intensamente e, aos 10 minutos, Toninho, com chute forte, aumentou a contagem. Pelé, que no primeiro tempo fora ruidosamente aplaudido por suas grandes jogadas individuais, marcou o terceiro aos 17 minutos, detendo a bola no peito para, depois, arrematar. Aos 85, o próprio Pelé completou a contagem, golpeando de cabeça uma bola cruzada por Dorval.
Pelé deixou o campo aos 41 minutos, sendo substituído por Gilberto, sob novos aplausos. O Santos manteve o marcador até o apito final da partida pelo árbitro venezuelano, Hector Osorio.
A invencibilidade argentina estava quebrada. O Santos conquistava mais um campeonato e, de quebra, um recorde. Toninho, o quarto maior artilheiro do clube com 279 gols, somaria mais esse feito histórico ao Santos.
A presença de Cantinflas
Nesse torneio, o Peixe jogou e venceu a equipe do Deportivo Caracas por 3 a 1 com gols de Pelé (2) e Geraldino. O pontapé desse encontro foi dado pelo famoso ator mexicano, Mário Moreno, mais conhecido como “Cantinflas”.