Toninho, um Guerreiro com fome de gol

Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Antonio Ferreira chegou a Santos em 1962, aos 20 anos. Nascido no dia 10 de agosto de 1942, em Bauru, a jovem promessa havia disputado o Campeonato Paulista pelo Noroeste e anotado 17 gols.
O Santos, ao fim da temporada vitoriosa daquele ano, consagrara a dupla Pelé e Coutinho. Ninguém poderia imaginar que estava surgindo, naquele momento, o futuro parceiro de ataque de Pelé.
Toninho estreou pelo Peixe em 16 de fevereiro de 1963, contra o Vasco da Gama, no Maracanã. A partida, válida pelo Torneio Rio-São Paulo, terminou empatada em 2 a 2, com dois golaços de Pelé.
A raça e a extrema dedicação nos treinos e jogos transformaram Antonio Ferreira em Toninho Guerreiro. O apelido veio dos próprios jogadores, impressionados com a “fome” de gol do colega de elenco. Não é para menos. Em 1966, foi o artilheiro máximo do Campeonato Paulista com 27 gols, quebrando a hegemonia de Pelé e impedindo que o Rei atingisse a marca de maior goleador do certame pela décima vez consecutiva.
Toninho Guerreiro foi o único atleta da história a se consagrar pentacampeão paulista consecutivamente. Ele alcançou a proeza ao ser tricampeão pelo Santos (1967/68/69) e bicampeão pelo São Paulo (1970/71). O São Paulo não conquistava um título desde 1957 e Toninho ajudou o clube a sair da fila, além de faturar a artilharia do Paulista de 1970, com 13 gols.
A última partida de Toninho Guerreiro no Santos ocorreu em 24 de junho de 1969, quando marcou também um de seus gols mais importantes. Ao aproveitar o rebote do goleiro após uma falta cobrada por Pelé, Toninho Guerreiro fez o gol solitário que deu o título da Recopa Mundial ao Santos diante da Inter de Milão, no Estádio San Siro.
O técnico João Saldanha o convocou para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa de 1970, no México. No entanto, ele foi cortado daquela seleção que apresentou o melhor futebol entre todas as Copas. O motivo alegado foi uma sinusite. Segundo os médicos da seleção, ele teria problemas com a elevada altitude do México. Toninho jogou duas partidas pela seleção canarinho em 1969 e marcou quatro gols.
O jogador deixou o São Paulo em 1972, depois de ser artilheiro do Campeonato Paulista pela terceira vez. Com 31 anos, teve breve passagem pelo Flamengo e pelo Operário de Mato Grosso do Sul antes de encerrar a carreira em 1974, pelo Noroeste de sua cidade natal.
Toninho Guerreiro faleceu de derrame cerebral, na Capital Paulista, em 26 de janeiro de 1990, aos 47 anos. No Alvinegro Praiano, time que vestiu a camisa em 368 oportunidades, ele marcou 279 gols, o que o coloca como o quarto artilheiro da história do clube, atrás apenas de Pelé, Pepe e Coutinho.
No Santos, ele ganhou 15 títulos oficiais, dos quais os mais relevantes foram a Copa Libertadores e o Mundial Interclubes de 1963, os Brasileiros de 1964, 1965 e 1968 e a Recopa Mundial de 1969, conquistada  em 24 de junho de 1969, em um lance de oportunismo e garra que eram a marca do grande artilheiro.

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