Quando as Sereias da Vila conquistaram a América pela segunda vez

No dia 17 de outubro de 2010, um domingo, as Sereias da Vila colocaram o Santos no mais alto patamar da América do Sul pela segunda vez. Campeãs da primeira edição da Libertadores feminina, em 2009, comandadas pela Rainha Marta, as Sereias chegaram para a disputa de 2010 também como favoritas. A melhor jogadora do mundo já havia deixado o clube, mas a equipe base havia sido mantida, com a artilheira Cristiane e a meio-campista Maurine como principais destaques.
A campanha, arrasadora
As Sereias se sentiram à vontade jogando na Arena Barueri, sede do torneio. Na primeira fase foram quatro jogos e quatro vitórias. A partida mais complicada terminou 2 a 0, diante do Caracas, da Venezuela.
Maior vítima, o River Plate, do Uruguai, levou uma goleada acachapante de 9 a 0. O time colombiano Formas Íntimas perdeu por 4 a 0 e, ao encerrar a primeira fase, o Santos goleou o Deportivo Quito, do Equador, por 7 a 0. Foram 22 gols marcados e nenhum gol sofrido, média de 5,5 gols por jogo.
Na semifinal, as Sereias da Vila tiveram um rival histórico do Peixe pela frente: o tradicional Boca Juniors. Em um jogo difícil, a herdeira da camisa 10 da Rainha Marta, Maurine, abriu o placar aos 29 minutos do segundo tempo, em uma bela cobrança de falta. Quatro minutos depois, Suzana deixou ampliou para 2 a 0, sacramentando a classificação para a grande final.
A categoria faz a diferença
Na finalíssima, contra o Everton, do Chile, o técnico Kleiton Lima mandou a campo Andréia Suntaque, Aline Pellegrino, Thorunn (depois Suzana) e Renata Costa; Ester, Maurine, Thais e Joice (Dani); Pikena (Beatriz), Grazi e Cristiane.
O Everton, treinado por Mario Vela, jogou com Endler, Galaz, Bravo, Sisterras e Saez; Quintana, Pardo (Vidal), Galeano e Salgado (Morales); Torres e Villamayor (Arias). A arbitragem foi da uruguaia Claudia Unpierrez.
Como se esperava, o jogo foi complicado e com poucas oportunidades de gol, principalmente no primeiro tempo. A chance mais clara ocorreu aos 30 minutos, em um chute forte de Thaís próximo da entrada da área. A goleira chilena, Endler, foi bem no lance e espalmou para escanteio.
Na volta do intervalo, o técnico santista realizou duas alterações: fez entrar a centroavante Suzana no lugar da zagueira Thorunn, e realizou uma troca de laterais, colocando Dani Silva na vaga de Joice.
O Santos permanecia mais tempo com a bola, tentando de todos os jeitos abrir o marcador, mas a defesa chilena estava bem postada, dificultando o avanço do ataque santista. Aos 44 minutos surgiu outra oportunidade quando Suzana sofreu falta na entrada da área.
Três jogadoras se apresentaram para cobrar: Dani Silva, Éster e Maurine. Esta última, a número 10 do time, já havia feito um gol, de falta, na semifinal, e mostrou confiança para executar a cobrança. Com extrema categoria, Maurine usou mais jeito do que força e colocou a bola no canto direito de Endler. Depois, correu, emocionada, para abraçar o técnico Kleiton Lima e comemorar o bicampeonato da Copa Libertadores.
Retrospecto impecável
Ao todo foram seis triunfos em seis jogos, 25 gols marcados e nenhum sofrido. Para alcançar essa façanha o técnico Kleiton Lima utilizou 19 jogadoras: Alline Pelegrino (capitã), Andreia Suntaque, Beatriz, Carol Arruda, Cristiane, Dani Silva, Erikinha, Éster, Grazi, Janaína, Joice, Karen, Maurine, Pikena, Renata Costa, Sandrinha, Suzana, Thaís e Thorunn.
Com sete gols cada, Cristiane e Grazi foram as artilheiras da equipe santista na irresistível campanha do título. Maurine e Thaís marcaram três gols; Suzana fez dois e Éster, Joice e Pikena marcaram um gol cada.

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