Primeira transmissão de rádio a longa distância

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Baseado em artigo do historiador De Vaney
Quando excursionou à Bahia, em 1929, o Santos de tantos recordes protagonizou mais um: a primeira transmissão à longa distância de um jogo de futebol. Essa partida pioneira, que chegou à cidade de Santos por intermédio de “A Tribuna”, foi realizada em um domingo à noite, 12 de maio, e inaugurou os refletores do Estádio da Graça, em Salvador.
Nela, diante um público de oito mil pessoas, o Santos bateu o Baiano de Tênis por 4 a 2, com dois gols de Evangelista, um de Feitiço e um de Araken. Os dois gols do adversário foram feitos por Mário Seixas.
Escalado pelo técnico Urbano Caldeira, o Alvinegro jogou com Athié, Bompeixe e Aristides; Osvaldo, Júlio e Sinésio; Siriri, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista.
Nessa viagem, realizada a bordo do navio Flandria, o Santos fez quatro partidas e voltou invicto. Além do Baiano de Tênis, goleou a Associação Atlética Baiana por 8 a 1 e o Ypiranga por 5 a 2, e empatou com a Seleção da Bahia por 2 a 2.
Quanto à transmissão de rádio, é sabido que a primeira realizada no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922, por ocasião do Centenário da Independência. Nela, a Rádio Sociedade, do Rio de Janeiro, transmitiu o discurso do presidente Epitácio Pessoa, por meio de uma antena instalada no Morro do Corcovado, a receptores instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo.
A história da transmissão de Santos 4, Bahiano de Tênis 2, pelos 2.036 quilômetros que separam Salvador de Santos, foi contada assim pelo jornalista Adriano Neiva, o De Vaney, primeiro grande historiador do Santos:
A cidade de Santos, por intermédio de “A Tribuna” possui um pioneirismo de repercussão mundial. Foi o de transmitir, da mais longa distância, até então uma partida de futebol.
O pioneirismo constitui nisso: no Estádio da Graça “A Tribuna” mandou instalar um telefone no reservado à imprensa, ligado diretamente, com a agência telegráfica “Western”, por intermédio de “A Tribuna”, em Salvador. A agência da “Western”, por ordem da “A Tribuna”, reservou para ela um cabo submarino. 
Na agência da “Western”, em Santos, havia um aparelho telefônico com ligação direta para a redação da “Tribuna”, onde a recepção era obtida por par de fones colocados ao ouvido de um datilógrafo. Da máquina de escrever a notícia ia ter a um locutor e a voz do locutor era transmitida ao público, em frente à redação, por meio autofalantes, também postos em ação, para esse serviço, pela primeira vez, na cidade.
Então, funcionou o seguinte mecanismo: o repórter de “A Tribuna”, que era Francisco Paino, ia passando pelo telefone, à agência da “Western”, os principais lances do jogo; o manipulador da agência da “Western”, em Salvador, passava pelo cabo especial para a agência de Santos; da agência de Santos o noticiário ia passando pelo telefone da redação, na redação entrava em trabalho o teclado da máquina de escrever; as notícias eram retiradas da máquina, e lidas pelo locutor, que era o sr. Giusfredo Santini, gerente de “A Tribuna”, sendo escutada, em som perfeito, pelos milhares de ouvintes que se encontra vam na rua.
Quando de seu regresso a Santos, na delegação alvinegra vieram três atletas do time baiano: Roberto, Pinheiro e Mário Seixas, que se integraram ao elenco santista.
As demais partidas também foram transmitidas para Santos, sempre com o jornal “A Tribuna” conduzindo os trabalhos de transmissão, com um minuto e 30 segundos de atraso, para a população que se aglomerava à rua General Câmara, em frente à sede do centenário jornal, orgulho de nossa cidade.

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