#Pelé77anos: O Rei do Futebol marca o gol que ele considera o mais bonito da sua carreira

No dia 02 de agosto de 1959, o Rei Pelé marcava aquele que ele mesmo considera como sendo o gol mais bonito de sua carreira. No triunfo do Peixe pelo placar de 4 a 0, diante do Juventus na Rua Javari, em partida válida pelo Campeonato Paulista, Pelé assinalou três gols, e Dorval completou o marcador. O terceiro tento do Rei, ficaria eternizado. Na ocasião, o Santos FC levou a campo a seguinte equipe: Manga; Pavão e Mourão;Formiga, Ramiro e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe. O técnico era Luiz Alonso Perez, o Lula.
O “Pena de Ouro da Literatura Esportiva do Brasil”, o mestre De Vaney assim descreveu a obra de arte do eterno Rei do Futebol:
“No capítulo dos gols magistrais, o que Pelé assinalou, domingo, na rua Javari, há que ter um realce especial. Lances existem que, pela sua formosura técnica, a gente os traz gravados nos olhos, de regresso à casa. Esse, o de Pelé, 4º do Santos F. Clube ante o Juventus, é o gol que se fixou na alma, no espírito, no coração, no sentimento inteiro de quem o viu surgir em meio de dois crepúsculos: o do dia, que se findava aos poucos, e o da partida, que se extinguia lentamente. Gols tenho eu os visto, magníficos, para mais de meia centena deles. Vi Friendereich, a matreirice em pessoa, derrubar os uruguaios de 19 com aquele tento-histórico que deu ao Brasil o seu primeiro título. Vi Nilo Murtinho Braga, furacão em feitio de gente, sacudir redes argentinas em vesperais de ouro. Vi Feitiço, pólvora seca em cada chanca, estraçalhar malhas escocesas com quatro petardos no dia em que os do Motherwell tombaram por 5 x 0. Vi Leônidas da Silva, todo de borracha, arrasar metas polonesas em concepções estupendas, dignas da magia que se continha em seus pés. Vi Heleno de Freitas, uma ofensa em cada chute, arrebentar cidadelas imbatíveis, em cotejos decisivos. Vi Carvalho Leite, um rompe-aço em cada arremate, vencer guardiões famosos em tiros devastadores. Vi Petronilho de Brito, um poema em cada lance, esconder a bola no fundo dos arcos inimigos como menino que brinca de chicote-queimado. Vi gols de todos os feitios, desde o que explode no fundo do retângulo como bomba de canhão, até o que chia ao contacto dos barbantes encerados como azeite de alto custo em frigideira de ouro. Mas gol com aquele que Pelé presentou o mundo do futebol, domingo, na Moóca, eu creio que ninguém viu coisa igual até hoje. O gol de Pelé fez lembrar, até, a anedota do cidadão que após olhar demoradamente para a girafa, no jardim zoológico, comentou: ‘Isso não existe’”.
Guilherme Guarche
Coordenador do Centro de Memória e Estatística do#P
Santos Futebol Clube

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