Memória Carnaval: O Bloco da Bola Alvinegra

O Bloco da Bola Alvinegra foi fundado no dia 14 de março de 1937. O Bola foi criado para preencher a lacuna deixada com o término do Bloco Flor do Ambiente, são ao todo 28 os seus fundadores, a saber: Ararê, Arary, Acary, Bom-peixe, Bilu, Cândido de Freitas, Dadá, Dionísio, Figueira, Hugo, Horácio, Isaias, Ivã, Krausch, Moacir, Mário Pereira, Novo, Neves, Odil, Oswaldo, Omar, Osmar, Orlando, Pereira, Saci, Victor, Vadico e Velho. Os fundadores eram em sua maioria associados e jogadores do Santos FC. O autor da bonita música do Bloco foi o violinista Mazinho.
A turma de foliões que ajudou a fundar o Bloco era comandada por Virgílio Pinto d Oliveira, o Bilu, que além de ter sido jogador, foi também o técnico que levou a equipe santista a conquistar o primeiro título de campeão paulista em 1935.
Bilu era muito exigente com os componentes do Bloco, ele obrigava a todos a decorarem as músicas que iriam ser cantadas nas apresentações do grupo. Nessa época, prevalecia o uso dos instrumentos de corda, o Bloco se apresentava como um grupo de seresta. Por ocasião de sua primeira apresentação no Carnaval de 1937, o Bloco saiu com 36 integrantes todos fantasiados de palhaços brancos e com roupas exageradamente largas.
Nas bodas do prata do Santos na sede da rua Itororó, 27 no segundo andar do prédio foi o Bola que se apresentou num recital com muitas evoluções e um excelente repertório musical. O ponto alto das festividades foi o aplaudidíssimo recital do grupo carnavalesco. Após as apresentações no desfile de Momo, o Bloco que era em sua maioria composto por integrantes da elite santista, um grupo bem selecionado, se dirigia ao mais refinados clubes da cidade, tais como: Clube XV, Tênis Clube e outros clubes sociais requintados e frequentavam também os salões do Parque Balneário Hotel no coração do bairro do Gonzaga. A melhor época do grupo foi logo após a fundação, quando sua sede era na Itororó, 27.
O Bola não participava de disputas carnavalescas, normalmente abria o desfile no reinado de Momo, fosse nas ruas do centro histórico ou na avenida da praia. Dois dirigentes que ajudaram em muito a continuar a tradição do Bloco foram o Walmir Rocha e o Victor Lovecchio, os quais garantiram a continuidade do Bola até a década do ano de 1960. Era comum o Bloco também se apresentar após o desfile na praia na residência do presidente Athié Jorge Coury no canal 3 e depois seguir até a casa do comendador Modesto Roma na rua Alexandre Martins com alguns jogadores da equipe principal do time santista.
Depois de uma parada de 13 anos , coube ao trabalhador portuário e atleta laureado do Santos, Juarez Guimarães a tarefa de continuar com as apresentações do Bola. As cores preta e branca e o hino do Santos estavam entre as tradições do Bloco que se apresentou no Carnaval santista de rua até meados da década do ano de 1980. Hoje, o Bola é só saudade na memória dos foliões e torcedores do Santos FC.
Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística
 

Pular para o conteúdo