Del Vecchio, o Menino da Vila de sangue quente

Gabriel Santana, do Centro de Memória
Descendente de italianos, filho do senhor Frank Del Vecchio e da senhora Alboccini, Emmanuele Del Vecchio nasceu no dia 24 de setembro de 1934, na cidade de São Paulo, mais precisamente no bairro da Moóca.
Depois de alguns anos, a família se mudou para São Vicente, e o jovem Emmanuele começou a se aventurar no futebol de praia. Recomendado para atuar nos quadros amadores do Santos, em 1951 iniciou sua jornada na base do Peixe. Foi campeão nas categorias infanto-juvenil, juvenil e amador, e chegou à equipe principal em 1953.
Estreou contra o Bonsucesso/RJ, em amistoso realizado na Vila Belmiro em 21 de junho de 1953, e no dia 3 de outubro marcou seu primeiro gol como atleta profissional, na vitória sobre o Comercial de São Paulo por 2 a 0, pelo Campeonato Paulista, no Estádio Parque Antártica. Del Vecchio fez o segundo gol do Alvinegro, aos 37 minutos do segundo tempo.
No ano seguinte o time santista realizou sua primeira excursão internacional, para a Argentina, e Del Vecchio teve a honra de marcar o primeiro gol do Santos em campos estrangeiros. Assinalou o gol do empate de 1 a 1 diante do Gymnasia y Esgrima, no Estádio Juan Carmello Zerillo, em La Plata.
Atacante fundamental no título paulista de 1955, foi o artilheiro do campeonato na vitoriosa campanha santista, com 22 gols. Já na conquista do bicampeonato estadual, em 1956, marcou 13 gols, dois deles na grande decisão diante do São Paulo.
Artilheiro de muita garra
Del Vecchio era um típico artilheiro “raçudo”. Não desistia de nenhuma bola e tinha grande precisão nos arremates. Com a camisa santista marcou 105 gols em 177 jogos, sendo o 20º maior artilheiro do clube.
De temperamento forte, seguia os hábitos de seu pai e praticava boxe. Em 1957 se envolveu numa confusão com o radialista Ernani Franco e acabou tendo o seu passe vendido pela diretoria santista para o Verona, da Itália.
Na terra natal de seus pais Del Vecchio mostrou todo o seu potencial. Permaneceu um ano no Verona e se transferiu para o Napoli, para ser o camisa 10 da equipe.
Em 1961, atuou pelo Calcio Padova, e entre 1962 e 1963 jogou pelo Milan e fez parte do grupo que conquistou o título da Champions League. Também teve uma curta experiência no Boca Juniors, na Argentina, e em 1964 defendeu o São Paulo.
Retorno e aposentadoria
Em 1965, aos 31 anos, retornou à Vila Belmiro, onde tudo começou, mas permaneceu apenas um ano. Ainda jogou pelo Bangu e encerrou a carreira no Atlético Paranaense, em 1970.
Ao se aposentar, investiu em imóveis na Baixada Santista, principalmente no ramo de autopeças e mecânica de automóveis.
Mesmo com a vida encaminhada, quis voltar ao futebol e iniciou sua carreira como treinador. Dirigiu o Santos em 1984, e ainda teve trabalhos no Botafogo/PB, Barretos/SP, Internacional de Bebedouro/SP, Internacional de Limeira/SP e no Jabaquara.
O Menino da Vila artilheiro e destemido faleceu no dia 7 outubro de 1995, aos 61 anos, em consequência de problemas intestinais decorrentes dos quatro tiros que levou em maio do mesmo ano, durante uma discussão com um ex-namorado de sua filha.
Sua valentia, em campo e fora dele, e o seu faro de artilheiro estarão sempre guardados na história do Glorioso Alvinegro Praiano.

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