Uma grande vitória. Na hora certa

Gabriel Santana, do Centro de Memória
O Santos não estava em um bom momento no Campeonato Paulista de 1982. Nas últimas oito partidas tinha perdido quatro, empatado três e vencido apenas uma, contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro, por chorados 2 a 1. O triunfo em um clássico seria uma grande oportunidade de mudar o ambiente na Vila Belmiro, e o técnico Chico Formiga sabia muito bem como agir nessa situação.
No domingo o time havia perdido para o Corinthians, no Morumbi, por 1 a 0, diante de 59 mil pessoas. Apenas dois dias depois veio o clássico contra o Palmeiras, que atraiu cerca de 19 mil pessoas ao Pacaembu.
Formiga escalou o Santos com Marola, Toninho, Joãozinho, Toninho Carlos e Gilberto Ferreira; Roberto César, Luis Gustavo e Pita; Serginho Dourado (depois Cardim), Paulinho e João Paulo.
O Palmeiras, treinado por Rubens Minelli, jogou com Gilmar, Jaime Boni, Luiz Pereira, Polozzi e Baroninho; Rocha, Aragonés e Enéas; Barbosa, Baltazar e Rodrigues. A arbitragem foi de Dulcidio Vanderlei Boschilia.
Inicialmente as equipes propuseram o jogo, procurando marcar o primeiro gol logo no começo da partida. Aos oito minutos, em cobrança de falta, o ponteiro João Paulo arriscou um chute quase sem ângulo e, com o desvio de Roberto César, abriu o marcador.
Diante da vantagem santista, o Palmeiras se lançou ao ataque desnorteadamente, deixando o time de Vila Belmiro à vontade para realizar seus contra golpes. Em um deles, aos 25 minutos, João Paulo, em noite inspirada, lançou Serginho Dourado, que driblou o zagueiro Polozzi e arrematou no canto do goleiro Gilmar.
Após levar dois gols em 25 minutos, o Palmeiras sentiu o golpe e se perdeu taticamente. Três minutos depois, o lateral Toninho cruzou certeiro para João Paulo, de cabeça, ampliar o marcador. Santos 3, Palmeiras 0!
Mesmo sem uma organização tática, o clube da capital tentava alguma reação na base do desespero, e no fim da primeira etapa conseguiu chegar ao seu gol por meio de Jaime Boni.
O Palmeiras voltou para o segundo tempo sonhando com o empate. Aos 5 e aos 20 minutos o clube da capital teve ótimas chances para encostar no placar, porém, a má pontaria dos avantes palestrinos impediu a reação.
A dupla João Paulo e Serginho Dourado voltou a funcionar aos 24 minutos. Em mais uma jogada pela ponta esquerda, o camisa 11 encontrou Serginho para marcar o quarto gol do Santos.
Em um último suspiro, o Palmeiras se lançou ao ataque, mas nem mesmo essa demonstração de valentia foi capaz de alavancar uma reação. Com o adversário entregue, coube ao Santos ampliar o marcador.
João Paulo marcou o seu segundo gol na partida, o quinto do Santos, aos 27 minutos, e Paulinho fechou o marcador aos 44 minutos, depois de driblar Luís Pereira e o goleiro Gilmar. Santos 6, Palmeiras 1, um clássico dos clássicos para lavar a alma.
Neste século, Santos está na frente
Guilherme Guarche e Gabriel Santana, do Centro de Memória
Neste século XXI o Santos mantém uma ligeira vantagem sobre o rival. Em 57 jogos, o Alvinegro Praiano venceu 22, perdeu 11 e empatou 14; marcou 79 gols e sofreu 81.
No total, Santos e Palmeiras se enfrentaram 324 vezes, com 104 vitórias santistas, 136 palmeirenses e 84 empates; 469 gols alvinegros e 553 alviverdes. Somente pelo Campeonato Paulista foram 190 jogos, com 54 triunfos, 43 empates e 93 derrotas; 254 gols marcos e 342 sofridos.
Pelo Campeonato Paulista o Santos ainda não venceu no Allianz Parque, pois em três jogos obteve um empate e sofreu duas derrotas, marcando um e sofrendo três gols. Mas nas oito partidas que fez no novo estádio palmeirense já ganhou uma vez, empatou duas e perdeu cinco, com seis gols a favor e 10 contra.
Artilheiros santistas do confronto
1 – Pelé, 32 gols.
2 – Pepe, 16 gols.
3 – Coutinho, 13 gols.
4 – Edu, 11 gols.
5 – Toninho Guerreiro, 10 gols.
6 – Araken Patusca, Ary Patusca, Del Vecchio, Dorval, Gradim, Pagão e Serginho Chulapa, 8 gols.
Técnicos que mais dirigiram o Santos no clássico
1 – Lula, 47 jogos.
2 – Antoninho, 21 jogos.
3 – Vanderlei Luxemburgo, 16 jogos.
4 – Pepe, 15 jogos.
5 – Formiga, 14 jogos.
No primeiro jogo, a maior goleada 
Odir Cunha, do Centro de Memória
Na primeira vez em que se encontraram, em 3 de outubro de 1915, o Palmeiras ainda se chamava Palestra Itália e só tinha jogadores italianos ou descendentes. O jogo, em uma tarde de domingo, no Campo do Velódromo, na capital, valeu pelo Festival Pró-Pátria, da Cruz Vermelha Italiana.
Com arbitragem de Irineu Malta e bom público, entre os quais 250 torcedores alvinegros que subiram a serra pelo trem da SPR Railway, o Santos se apresentou com Ciro, Werneck, Américo e Urbano Caldeira; Pereira, Oscar e Ricardo; Aranha, Ary Patusca, Anacleto Ferramenta, Marba e Arnaldo Silveira. O time dos italianos formou com Stillitano, Felice e Fulvio; Police, Fragassi e Imparato; Pastore, Américo Fiaschi, Amílcar, Ferré e Ítalo.
Com o time formado há mais tempo e melhores jogadores, o Santos não teve dificuldades para construir sua maior goleada no confronto. Com três gols do artilheiro Ary Patusca – filho de Sizino Patusca, primeiro presidente santista – , dois de Anacleto Ferramenta, um de Arnaldo Silveira e um de Aranha, o Alvinegro Praiano venceu por 7 a 0!
Seis meses depois, em 19 de março de 1916, os times voltaram a se enfrentar em novo amistoso, dessa vez no Campo da Avenida Conselheiro Nébias, em Santos. O Palestra Itália, do técnico Ricco, mudou os onze jogadores, mas não teve melhor sorte. Com mais três gols de Ary Patusca, um de Marba e um de Urbano Caldeira, o Santos goleou por 5 a 0. Nessa partida, Urbano Caldeira, o lendário patrono santista, fez o seu último gol com a sagrada camisa alvinegra.

Pular para o conteúdo