Três recordes: do Maracanã, do Santos e da Seleção

Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Há 50 anos, em 31 de agosto de 1969, o Maracanã bateu o recorde oficial de público do futebol brasileiro quando 183 341 pessoas pagaram ingresso para ver Brasil 1, Paraguai 0, jogo decisivo das Eliminatórias da Copa de 70. Mas não foi o único recorde do dia…
Com seis titulares na Seleção, o Santos também entrou para a história como o único time a ter mais de 50% dos titulares em seis jogos consecutivos do Escrete em uma Copa do Mundo. Ou seja, em todos os confrontos daquelas Eliminatórias o Alvinegro manteve 54,54% dos titulares do time que, com vitórias em todos os jogos, garantiu a vaga do Brasil na fase final da Copa do México.
Aqui é necessária uma informação: as Eliminatórias, ao contrário do que muitos pensam, não são uma competição isolada, mas sim parte integrante da Copa. A maior diferença é que as Eliminatórias consistem em jogos de ida e volta, entre os países participantes, enquanto a fase final da Copa é jogada – com exceção da de 2002, dividida entre Coréia do Sul e Japão – em uma única sede.
Assim, o feito dos seis santistas tem de ser incluído nos recordes dos Mundiais de futebol. Eram eles o lateral-direito Carlos Alberto Torres, à época com 25 anos; o zagueiro-central Djalma Dias, com 30; o quarto-zagueiro Joel Carmargo, com 22; o lateral-esquerdo Rildo, com 27 e os atacantes Pelé, com 28, e Edu, com 20 anos.
O único gol do jogo, marcado por Pelé aos 23 minutos do segundo tempo, teve ampla participação dos santistas. A jogada começou quando Djalma Dias cortou, de cabeça, um cruzamento do paraguaio Rojas. A bola caiu com Rildo, que avançou pela esquerda e passou para Edu. Este driblou um marcador, invadiu a área e mandou uma bomba que o goleiro Oscar Aguillera não conseguiu segurar. Pelé acompanhava o lance e chutou com raiva, estufando as redes e provocando o maior urro de gol do Maracanã.
Batizada de “As Feras do Saldanha”, em alusão ao técnico do time, o jornalista João Saldanha, a Seleção Brasileira teve nove santistas convocados. Além dos seis titulares, foram chamados o goleiro Cláudio, o médio-volante Clodoaldo e o ponta-direita Manoel Maria – o que fez daquele esquadrão, na verdade, “As Feras do Santos”.
Antes, a Seleção Brasileira só tinha jogado uma Copa com seis titulares de um mesmo time. Isso ocorreu em 1950, no Brasil, nas vitórias sobre México (4 a 0), Iugoslávia (2 a 0) e Suécia (7 a 1), quando o Escrete atuou com seis jogadores do Vasco. Porém, como se sabe, em 50 a Seleção acabou derrotada na final, ao contrário da Copa de 70, quando a vitória garantiu ao futebol brasileiro a posse definitiva da Taça Jules Rimet.

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