Santos volta ao estádio que ele inaugurou há 55 anos

Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Gabriel Santana
Nesta quinta-feira, às 19 horas, como se o tempo tivesse parado, o Santos volta a enfrentar o Olimpia no mesmo Estádio Manuel Ferreira que ambos inauguraram em 14 de maio de 1965, uma sexta-feira de festa. Cerca de 30 mil pessoas, 10 mil a mais do que a capacidade do estádio, se acotovelaram para ver o melhor time do mundo e o astro Pelé diante da grande equipe paraguaia.
Bicampeão mundial, o Santos levou a Assunção um time de celebridades, escalado pelo técnico Lula com Cláudio, Carlos Alberto, Mauro e Geraldino; Haroldo e Lima; Peixinho, Mengálvio (Rossi), Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe (Abel).
O Olimpia, campeão paraguaio de 1965, ainda em busca de um lugar de respeito no futebol sul-americano, jogou com Chamorro, Molinas, Gaona, Benítez e Rojas; Villalba e Lettieri; Del Puerto (Rodrigues), Apodaca (Rivarola), Torres e González. Na arbitragem, o brasileiro José Batista dos Santos.
Entre o público, que produziu renda recorde de cinco milhões de guaranis, ou 83 milhões de cruzeiros, via-se muitas personalidades paraguaias, entre elas, na tribuna de honra, o presidente Alfredo Stroessner. Na ânsia de assistir ao jogo, a multidão rompeu grades e o tumulto resultou em dezenas de feridos, alguns em estado grave.
Em seu sexto amistoso em duas semanas, após participar do Torneio Rio-São Paulo, e estreando Carlos Alberto Torres e Abel, o Alvinegro Praiano passou à frente duas vezes, com Coutinho e Pelé, mas o Olimpia buscou o empate nas duas oportunidades, com Rojas.
Três jogos, três empates… E agora?  
As duas equipes voltaram a se enfrentar, em novo amistoso, no dia 15 de maio de 1967, uma segunda-feira, no estádio Defensores del Chaco, em Assunção. Apesar de boas jogadas de Pelé, o jogo terminou sem gols.
Além do Rei, o Alvinegro, do técnico Antoninho, tinha muitos outros craques, como Zito, Clodoaldo, Edu, Carlos Alberto, Toninho, Abel, Orlando, Joel Camargo, além do goleiro Cláudio. O paraguaio Ruben Cabrera arbitrou a partida, que teve um público pagante de 12 mil pessoas.
Por fim, como se sabe, o duelo voltou a se repetir há duas semanas, em 15 de setembro, na Vila Belmiro. Pela primeira vez em um jogo oficial, válido pelo Grupo G da Copa Libertadores, as equipes fizeram novamente uma partida equilibrada, que mais uma vez terminou sem vencedor.
O Santos, que buscou mais o gol, apresentou João Paulo, Pará (Madson), Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan (Jean Mota); Alison (Lucas Lourenço), Diego Pituca e Carlos Sánchez; Marinho, Soteldo e Raniel (Marcos Leonardo).
O Olimpia, do técnico Daniel Garnero, jogou com Azcona, Otálvaro, Leguizamón, Alcaraz e Torres; Ortiz, Rodrigo Rojas, Candia (De La Cruz) e Alejandro Silva (Derlis González); Camacho (Caballero) e Roque Santa Cruz (Pitta).
A equipe paraguaia abusou das faltas, a ponto de Rodrigo Rojas ser expulso após receber dois cartões amarelos. Mas o árbitro uruguaio Leodán Gonzalez, auxiliado por seus compatriotas Nicolas Taran e Richard Trinidad, não conseguiu impedir que a truculência do time visitante enfeiasse a partida.
Duelo de tricampeões da Libertadores
Tanto o Santos, em 1962, 1963 e 2011, como o Olimpia, em 1979, 1990 e 2002, já conquistaram três vezes o título da Copa Libertadores. Ambos obtiveram um desses títulos derrotando o Boca Juniors na final: o Santos em 1963, o Olimpia em 1979.
As duas equipes também foram campeãs mundiais, e vencendo o campeão europeu na Europa. O Santos obteve a façanha contra o Benfica, em 1962, e o Olimpia diante do Malmoe, da Suécia, em 1979. A diferença é que o Alvinegro voltou a ser campeão mundial em 1963, contra o Milan, tornando-se a primeira equipe do planeta a conseguir a proeza duas vezes seguidas.
Fundado em 25 de janeiro de 1902, o Olimpia tem dez anos a mais do que o Santos e divide com o Cerro Porteño a condição de time mais popular do Paraguai. Tem 39 títulos nacionais, dez a mais do que o Cerro, e é a única equipe paraguaia que já venceu a Libertadores.
Para o Santos, a vitória nesta quinta-feira garantirá a primeira posição no grupo G, mesmo antes da última rodada, pois o manterá quatro pontos à frente do Defensa y Justicia, mesmo que este vença o Delfín, em jogo desta quinta, às 23 horas.
Porém, mesmo o empate com o Olimpia poderá assegurar ao Santos a primeira posição no grupo, desde que o Defensa y Justicia não ganhe do Delfín.
Invicto contra equipes paraguaias
O Santos já realizou 11 partidas contra equipes paraguaias pela Copa Libertadores, e até agora se mantém invicto, com seis vitórias e cinco empates; 28 gols a favor e 12 contra.
25/02/1962 – Santos 1 x 1 Cerro Porteño – Defensores del Chaco
28/02/1962 – Santos 9 x 1 Cerro Porteño – Vila Belmiro
20/02/2003 – Santos 3 x 1 12 de Octubre – Vila Belmiro
25/03/2003 – Santos 4 x 1 12 de Octubre – Antônio Sarubbi
18/02/2004 – Santos 2 x 2 Guaraní – Vila Belmiro
25/03/2004 – Santos 2 x 1 Guaraní – Manoel Ferreira
02/03/2011 – Santos 1 x 1 Cerro Porteño – Vila Belmiro
14/04/2011 – Santos 2 x 1 Cerro Porteño – Pablo Rojas
25/05/2011 – Santos 1 x 0 Cerro Porteño – Pacaembu
01/06/2011 – Santos 3 x 3 Cerro Porteño – Pablo Rojas
15/09/2020 – Santos 0 x 0 Olimpia – Vila Belmiro
Artilheiros santistas contra times paraguaios na Libertadores
1 – Coutinho e Pepe, três gols.
3 – Pelé, Nenê, Elano, Robgol e Ricardo Oliveira, dois gols.

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