Santos vence a Batalha de La Bombonera e conquista o Pentagonal de Buenos Aires

Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Em 25 de agosto de 1968, um domingo, o Santos conquistou o Torneio Pentagonal de Buenos Aires ao empatar por 1 a 1 com o Boca Juniors, no Estádio La Bombonera, em jogo marcado por muita catimba, violência e quatro expulsões.
Para chegar a essa nervosa decisão com a vantagem do empate, o Santos venceu o River Plate por 2 a 1, o Benfica, de Portugal, por 4 a 2, e empatou com o Nacional, do Uruguai, por 2 a 2. Toninho Guerreiro, em grande fase, marcou os seis gols santistas nos dois jogos iniciais.
O Boca, por sua vez, empatou com o Benfica na estreia (1 a 1), goleou o Nacional (5 a 1) e empatou sem gols o clássico local com o River Plate. Com dois pontos perdidos, contra um do Santos, só a vitória sobre o Alvinegro, no jogo final, lhe daria o título do torneio.
Dois gols e dois dentes quebrados
Era de se esperar que o time da casa iniciasse o jogo na ofensiva, mas foi o Santos que começou atacando e abriu o marcador. Aos seis minutos Pelé lançou Toninho e o artilheiro foi derrubado. Edu se preparou para a cobrança, mas quem chutou foi Pelé. O goleiro Roma ainda chegou a alcançar a bola, que bateu na trave e voltou para os pés do artilheiro Toninho. 1 a 0.
O Boca foi despertado pelo gol e buscou reagir. Porém, apesar do vigor físico, o time argentino pouco criava e passou a apelar. A força deu lugar à violência. Aos 15 minutos, Pelé sofreu uma rasteira do atacante Cabrera. A partir daí o Santos abandonou o futebol-arte e entrou no jogo duro do adversário.
O gol do empate veio aos 36 minutos. Rattin driblou Joel e Lima e lançou Angel. O meio-campista arriscou de longe e surpreendeu o goleiro Gylmar, que pulou atrasado. O empate pôs mais fogo no jogo.
Quase ao final do primeiro tempo, Cabrera voltou a caçar Pelé, acertando um pontapé no atacante santista. O árbitro Luiz Pestarino expulsou o agressor. O lateral-esquerdo Rildo quis vingar Pelé e também foi expulso.
As equipes foram para o intervalo em igualdade de gols e com um jogador a menos cada. No segundo tempo, em um jogo mais aberto, o Santos apostou nos contra-ataques, enquanto o Boca buscava o gol a qualquer custo.
Com Lima mais recuado, reforçando a defesa, o meio campo do Santos dava espaço para o Boca avançar e pressionar. As brigas aconteciam a intervalos de minutos. Numa delas o zagueiro Oberdan levou um soco de Rojas e teve dois dentes quebrados. O argentino foi expulso de campo.
O Santos sofria com o jogo e o Boca procurava aproveitar o descontrole santista. Gylmar se redimiu da falha e salvou o time em outras oportunidades. Aos 37 minutos Negreiros também foi expulso por agressão, deixando cada equipe com nove jogadores.
No final do jogo o Peixe teve um gol legítimo anulado, mas conseguiu segurar o empate, resultado que garantiu mais um importante troféu internacional para o Alvinegro Praiano e reforçou entre os críticos argentinos a certeza de que mais uma vez tinham apreciado o melhor e o mais valente time do mundo em ação.
O técnico Antoninho formou o time com Gylmar, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Oberdan e Rildo; Joel Camargo (Negreiros) e Lima (Turcão); Amauri, Toninho, Pelé e Edu. O Boca, do técnico José D’Amico, jogou com Roma, Sune, Melendez, Rogel e Ovide; Rattin e Angel (Vieira); Cabrera, Rojas, Fernandez e Gonzalez.

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