Santos ganha por 4 a 0 e é bicampeão paulista

Gabriel Pierin, do Centro de Memória
O Santos comemora neste 27 de novembro a conquista do seu nono título estadual. Naquele dia, um sábado de 1965, a Vila Belmiro recebeu 11 092 torcedores para ver o Peixe golear o Juventus por 4 a 0 e garantir o bicampeonato paulista com duas rodadas de antecedência.
A elasticidade do placar pode sugerir um adversário frágil e entregue à superioridade santista. Mas não foi isso o que se observou entre os milhares de espectadores que marcaram presença no jogo histórico.
O Juventus jogou bem e obrigou o Santos a honrar sua posição de líder e favorito ao título. O time da Mooca tomou a iniciativa do confronto e se lançou ao ataque nos primeiros minutos parando na excelente linha de zagueiros santista.
Aos 6 minutos o Santos fez seu primeiro gol. Mengálvio avançou pelo meio do campo e lançou a bola em profundidade para Pelé, que passou pelo zagueiro Carlos e chutou no canto oposto do goleiro Moraes. A bola ainda bateu na trave direita antes de entrar.
O Juventus não se intimidou e continuou tocando a bola com tranquilidade, construindo suas jogadas, mas perdendo na conclusão do ataque. O Santos, ao contrário, ameaçava com mais perigo ao invadir a área adversária.
Aos 39 o Alvinegro ampliou a contagem. Pelé sofreu falta de Clóvis na entrada da área. Ele mesmo cobrou com perfeição. A bola passou por cima da barreira, ganhou efeito e acabou no fundo do gol. Dois minutos depois, o Rei ainda teve a chance de ampliar, ao desviar de cabeça um chute cruzado de Pepe.
O primeiro tempo terminou dois a zero. Na segunda etapa, o Santos não diminuiu seu entusiasmo e manteve o ritmo de jogo. Pelé marcou mais uma vez, de pênalti, aos 18 minutos e Coutinho deixou sua marca, fechando o placar em 4 a 0, aos 29 minutos. Com a vitória, o Santos garantiu de forma antecipada o título paulista de 1965.
O time campeão jogou com Gylmar, Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos de Oliveira, Orlando Peçanha e Geraldino; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. O técnico continuava sendo Luis Alonso Peres, o Lula, que treinava a equipe desde 1954. Apenas Lula e os jogadores Zito e Pepe eram remanescentes dos títulos paulistas de 1955 e 1956.
Festa na Vila
O jogo acabou com a torcida cantando “Tá chegando a hora” e balançando faixas com os dizeres “Nem Academia, nem Timão”; “Salve Santos-Show” e “Academia fechou, Timão evaporou porque a Vila Famosa um Campeão eternizou”.
Quando o árbitro José Teixeira de Carvalho apitou o final da partida, a torcida entrou em festa. As faixas de campeão confeccionadas com antecedência foram entregues aos jogadores. O técnico Lula comandou a formação da equipe no círculo central para saudar os torcedores. Pelé, o autor de três gols, quase teve sua camisa rasgada. O Rei do Futebol foi puxado e beijado até pelos seus companheiros.
Longos anos de hegemonia no futebol
De 1955 a 1965 o Santos ganhou 22 títulos oficiais, média de dois por ano, a saber: Em 1955 e 1956 foram dois Paulistas; em 1958 mais um Paulista; em 1959 o Torneio Rio-São Paulo; em 1960 mais um Paulista; em 1961 o Paulista e o Brasileiro; em 1962 o Paulista, o Brasileiro (Taça Brasil), a Copa Libertadores e o Mundial Interclubes; em 1963 o Rio-São Paulo, o Brasileiro, a Libertadores e o Mundial; em 1964 o Paulista, o Rio-São Paulo e o Brasileiro e em 1965 o Paulista e o Brasileiro.
Isso, sem contar 14 torneios internacionais relevantes conquistados no mesmo período: Torneio Internacional da Federação Paulista de Futebol (1956), Pentagonal do México (1959), Taça Dr. Mário Echandi, na Costa Rica (1959), Troféu Tereza Herrera, na Espanha (1959), Torneio de Valência, na Espanha (1959), Troféu de Gialorosso, Itália (1960), Torneio de Paris, França (bicampeão em 1960 e 1961), Torneio da Costa Rica (1961), Pentagonal de Guadalajara, México (1961), Torneio Itália (1961), Hexagonal do Chile (1965), Torneio de Caracas, Venezuela (1965) e Quadrangular de Buenos Aires, Argentina (1965).
A supremacia santista não parou por aí. Até o fim da década de 1960, o Alvinegro seria mais três vezes campeão Paulista, mais uma vez Brasileiro, ganharia a Recopa Sul-americana e a Recopa Mundial e conquistaria mais quatro torneios internacionais.

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