Santos e Inter, o jogo do equilíbrio

Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Gabriel Santana
Poucos clássicos do futebol brasileiro apresentam tamanho equilíbrio como Santos e Internacional. Cada um leva boa vantagem nos confrontos em casa, mas na soma de todos os duelos a igualdade é patente. Veja você que dos 76 jogos realizados entre ambos, entre oficiais e amistosos, cada um venceu 27 e ainda ocorreram 22 empates. O número de gols também foi igual: cada time marcou 94 vezes.
Se a estatística levar em conta apenas as partidas pelo Campeonato Brasileiro, o equilíbrio continua igual: em 64 jogos, cada time venceu 23 e marcou 76 gols. Isso mesmo. Nenhuma vitória e nenhum gol a mais para cada lado.
Como era de se esperar, porém, nos 37 jogos realizados no Beira Rio a vantagem colorada é flagrante: 19 vitórias do Inter, contra quatro do Santos e mais 14 empates; 52 marcados pelo colorado, 24 pelo Santos. Aqui é preciso lembrar que o Alvinegro tem mais quatro vitórias contra o rival no Rio Grande do Sul: duas no Estádio Olímpico, em 1968 (3 a 1 e 2 a 1), uma no Estádio dos Eucaliptos, em 1949 (4 a 0) e outra em Novo Hamburgo, em 2013 (2 a 1).
No primeiro jogo entre ambos pelo Campeonato Brasileiro, que ainda se chamava Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Santos venceu por 5 a 1, no Pacaembu, em 15 de março de 1967. Nesta partida os gols santistas foram marcados por Copeu (dois), Toninho Guerreiro, Edu e Pelé. No mais recente duelo pelo Brasileiro, empataram sem gols, no Beira Rio, em 13 de outubro de 2019.
Pelé e Gabigol são os artilheiros santistas desse confronto em jogos do Brasileiro, com quatro gols, seguidos por Paulinho McLaren e Kléber Pereira, com três. Mas somando-se todos os jogos, a artilharia passa para Neymar, com cinco gols.
Uma vitória para não se esquecer
Era a décima sétima rodada do Campeonato Brasileiro de 2005 e o Santos, campeão do ano anterior, seguia bem em busca do bicampeonato. Com um trio ofensivo de qualidade, montado pelo técnico Gallo com Ricardinho, Robinho e Giovanni, o time foi a Porto Alegre com a intenção de vencer o Inter, o que já tinha conseguido, fora de casa, contra Coritiba, São Caetano e Goiás.
O adversário também lutava pela liderança. Seu técnico, Muricy Ramalho, tinha à disposição jogadores de muito prestígio, como Fernandão, Alex, Tinga e Rafael Sóbis. Impulsionado por um público de cerca de 32.876 pessoas, o dono da casa atacou mais no primeiro tempo, que terminou sem gols.
No segundo, o Santos começou mais ofensivo e logo aos seis minutos surgiu a jogada que definiria a partida. Robinho avançou com espaço pelo centro do campo, passou na fogueira para Giovanni, à sua direita. O maia, ao mesmo tempo em que ganhou a dividida com um zagueiro, já devolveu na frente para Robinho, que só esperou o goleiro Clemer quase até a risca da grande área para tocar, quase displicentemente, por cima do arqueiro.
A vitória manteve o Santos na corrida pelo título, trajetória que seria definitivamente prejudicada quando Luiz Zveiter, presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, ordenou a repetição de todos os jogos arbitrados pelo árbitro Edilson Pereira de Carvalho, suspeito de suborno. Com isso, o Alvinegro Praiano perdeu os três pontos da cristalina vitória sobre o Corinthians e o alvinegro da capital recuperou quatro pontos de seis que já tinha perdido.
O Internacional, por sua vez, terminaria a competição em segundo lugar, afetado terrivelmente pela arbitragem de Márcio Rezende de Freitas no seu jogo contra o alvinegro paulistano. Isso fez o Brasileiro de 2005 entrar para a história com o nome popular de “Zveitão” e os torcedores do colorado se sentirem campeões morais daquele ano.

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