Memória: Nascia um dos mais fanáticos torcedores do Peixe

Exatamente um dia após um dia a praça de esportes do Santos FC ser inaugurada, nascia em Recife, no dia 13 de outubro de 1916, um dos mais fanáticos torcedores que o clube santista teve na centenária história: Waldemar Mathias Bezerra, um abnegado do time da Vila Belmiro que viveu defendendo como poucos o Clube do gigante Modesto Roma.
A primeira viagem fora de Santos, para incentivar o time longe da cidade que o acolheu de braços abertos quando tinha 10 anos de idade, foi no dia 04 de setembro de 1927, ocasião em que a equipe praiana era comandada por Araken Patusca e viu nesse dia o Corinthians ser goleado pelo placar de 8 a 3 no Parque Antárctica, em São Paulo. Foi para ele uma jornada inesquecível, uma emoção até então não vivida, que só fez aumentar a paixão que nutria pela equipe que ficou nesse período conhecida como o time do ataque dos 100 gols.
Um fato marcante que ele fazia questão de contar aos amigos é que pelo amor que nutria pelo Santos foi preso por trinta dias no quartel do exército em Itapetininga quando estava prestando o serviço militar, ele abandonou o posto no dia em que o Peixe jogaria a final do campeonato paulista de 1935 no Parque São Jorge, mas deu azar, pois não conseguiu ir muito longe já que foi detido em Sorocaba e reconduzido ao quartel onde foi detido por um mês, no entanto não ficou triste com a prisão, pois o seu clube de coração se sagrou campeão paulista pela primeira vez vencendo o arquirrival em seus domínios.
Waldemar vivia e respirava o Alvinegro de glórias mil como escreveu Plínio Marcos, sua vida profissional era no cais do porto como Conferente de Carga e Descarga, sempre participou ativamente da vida social do clube da Vila Belmiro, era presença constante e destacada nos vários eventos promovidos pela diretoria nos quais pelo seu comportamento alegre tornou-o uma figura singular nas festas, nos jantares-dançantes, nos bailes de Carnaval e outros acontecimentos promovidos nas dependências do estádio Urbano Caldeira.
Colaborou sempre que solicitado doando bolas e redes para serem usadas pelo Peixe. Uma de suas muitas passagens lembradas pelos associados da velha-guarda do time praiano aconteceu no dia em que a equipe treinava no gramado do Alçapão praiano e ele assim que chegou ao local ficou possesso ao ver a equipe titular usando shorts pretos e camisas brancas semelhantes ao time da capital paulista que ele tanto detestava, não perdeu tempo e sacou de um revólver calibre 38 acertando um certeiro tiro na inocente bola encerrando o treinamento para desespero dos jogadores e demais membros da comissão técnica.
Sua irritação e principalmente o tiro inconsequente desferido fez com que ele fosse suspenso por um longo período só sendo readmitido no clube após prometer que não mais cometeria atos semelhantes ao que cometeu no dia do treino. Waldemar Mathias Bezerra, foi sem dúvida um dos precursores da imensa torcida vibrante e apaixonada do Santos que hoje acompanha e vibra com os feitos do Alvinegro mais famoso do mundo.
Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística

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