Márcio Zanardi, novo técnico do Sub-20: “formo o jogador, o cidadão e o caráter”

O novo técnico do Sub-20 do Santos Futebol Clube, Márcio Zanardi, conhece bem como praticar o estilo de jogo ofensivo, que marcou para sempre o Peixe como Clube mais goleador do mundo. Aplicando em seus times o conceito da posse de bola e dos ataques constantes, Zanardi acumula em sua carreira como treinador de Base conquistas e feitos bastante relevantes, que vão de duas semifinais de Copa São Paulo de Futebol Júnior com a Portuguesa de Desportos e com o Guarani, deixando nas duas oportunidades times muito mais abastados pelo caminho, até um título mundial vencido contra a equipe do Barcelona.
Responsável por revelar atletas que hoje jogam no exterior, Márcio chega ao Santos FC para integrar um projeto ambicioso de aprimoramento de estilo de jogo nas Categorias de Base, projeto este que visa facilitar a adaptação do atleta no ato da promoção para a equipe profissional, hoje comandada por Jorge Sampaoli – profundo adepto do DNA ofensivo. Em rápida entrevista ao site oficial do Peixe, Zanardi comentou sobre suas expectativas, sobre o privilégio de comandar o Sub-20 do alvinegro praiano e um pouco sobre sua forma de trabalho.
Site Santos FC – Professor, primeiramente seja bem-vindo ao Santos Futebol Clube. A sua contratação é um reflexo do empenho que a diretoria do Peixe e a coordenação das Categorias de Base possuem em aprimorar o futebol ofensivo desde os primórdios, padrão de jogo defendido e praticado por Jorge Sampaoli no time profissional. Preservar o DNA ofensivo do Santos FC e desenvolvê-lo em suas promessas desde a primeira Categoria tornou-se, mais do que nunca, uma grande prioridade. Qual é o tamanho de sua responsabilidade neste processo?
Márcio Zanardi – Muito obrigado. O tamanho desta responsabilidade é gigantesco. Você vir trabalhar no Santos FC, uma das maiores equipes do mundo, com seu DNA ofensivo e proposta de jogos sempre para frente, é muito importante. Esta é uma responsabilidade enorme da qual eu estou preparado. Também estou muito feliz de compartilhar este momento com o Sampaoli, é um treinador que está mudando o trabalho e resgatando este padrão de jogo baseado no DNA ofensivo do Santos FC. Me sinto lisonjeado de fazer parte do processo e, também, honrado com este novo desafio.
SSFC – O Barcelona é uma agremiação bastante famosa no mundo do futebol quando o assunto é um padrão de jogo imposto desde os primórdios. Em La Masia, como são chamadas suas Categorias de Base, o futebol da posse e do toque de bola são praticados desde quando os atletas ainda são muito jovens, pequenas promessas. O senhor comandará o Sub-20 do Santos FC, que é considerado o elo com o profissional. Em quais critérios o senhor poderá influenciar diretamente na formação destes atletas, visto que os receberá muito provavelmente já afinados com o estilo de jogo do Clube?
MZ – O Sub-20 é a Categoria abaixo do profissional. Precisamos minimizar os erros e formar os atletas em condições de atuar no profissional. Eu formo o jogador, eu formo o cidadão e formo o caráter do jogador. O jogador do Sub-20 do Santos FC precisa entender que jogar no Clube é ter posse de bola, é ser criativo, é ser ofensivo, é saber jogar o jogo. Mas principalmente o jogador precisa gostar de ficar com a bola. Precisa fazer o adversário sofrer, correr atrás dele. É isso que eu faço. Meus times são formados por jogadores que gostam da bola, e este é um dos critérios mais importantes que exigirei aqui.
SSFC – É comum muitos dizerem que o mais importante das Categorias de Base não é necessariamente conquistar títulos, mas sim formar atletas para o profissional. Neste ponto o senhor é um caso incomum no meio, já que não apenas revela jogadores – alguns deles hoje fazem sucesso no exterior, como Marquinhos, Malcom e Guilherme Arana -, como também acumula inúmeros títulos nas Categorias pelas quais passou, dentre eles uma Copa São Paulo de Futebol Júnior, duas semifinais da Copinha com times considerados de menor investimento, uma Copa do Brasil e o campeonato mundial de 2015, vencido contra o Barcelona. O senhor acredita que este seu retrospecto vitorioso será importante na conclusão da formação dos atletas do Sub-20 do Peixe?
MZ – É verdade. Não tenho dúvida alguma que preciso formar jogador, formar o caráter, mas eu também gosto e acredito que dá, sim, para formar atleta vencedor. É importante também o atleta saber vencer. Lógico que tantas competições que disputamos, perdemos bastante, não dá para ganhar todas. Mas o jogador de time grande, principalmente do Santos FC, precisa saber vencer e jogar para vencer. É uma responsabilidade muito grande você trabalhar ou jogar no Clube do Pelé, Coutinho, Mengálvio, Clodoaldo, Pepe, Neymar, Robinho, Renato, isso é um grande privilégio. Então precisamos trabalhar neste ponto: formar jogadores vencedores. É nisso que eu acredito.
(Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

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