Espanhóis nunca tinham visto um futebol como o dos campeões do Teresa Herrera

Por Gabriel Pierin e Odir Cunha, do Centro de Memória
O goleiro Lalá olhou para as arquibancadas apinhadas do Estádio Riazor, em La Coruña e não pôde acreditar. O público, de pé, aplaudia, e aplaudiria durante os 15 minutos finais, o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha, notáveis finalistas do Troféu Teresa Herrera. Naquele domingo de sonho, 21 de junho de 1959, em que futebol e arte ainda se misturavam, o Santos venceu por 4 a 1, com dois gols de Pepe, um de Pelé e um de Coutinho.
As 45 mil pessoas presentes tinham seus motivos para o maravilhamento. Nunca se tinha visto, em gramados espanhóis, a bola ser tratada com tanto desvelo. Nada menos do que seis titulares da Seleção Brasileira campeã do mundo na Suécia, um ano antes, estavam presentes: Nilton Santos, Garrincha, Didi e Zagallo, pelo Botafogo; Zito e Pelé, pelo Santos. Além do santista Pepe, que teria jogado Copa não tivesse se machucado.
O jogo representava um tira-teima e foi acompanhado pelos maiores críticos internacionais do futebol, mas o indiscutível triunfo santista confirmou a superioridade do time de Vila Belmiro, que um mês antes já tinha conquistado o título do Torneio Rio-São Paulo daquele ano. O alvinegro carioca podia ter mais jogadores na Seleção, mas o Santos era mais harmonioso.
Ao final da partida, o Glorioso Alvinegro Praiano recebeu o artístico troféu “Teresa Herrera” – hoje exposto no Memorial das Conquistas da Vila Belmiro – e fez a tradicional volta olímpica no Estádio Riazor (foto).
Comandado pelo técnico Lula, nesse dia inesquecível o Santos formou com Lalá, Pavão (Formiga) e Mourão; Getúlio, Ramiro e Zito; Dorval (Alfredinho), Jair Rosa Pinto (Álvaro), Afonsinho (Coutinho), Pelé e Pepe.
Primeira vez na Europa
Nessa sua primeira excursão ao continente europeu, mesmo jogando, às vezes, um dia após o outro, o Santos fez 22 partidas, obtendo 13 vitórias, cinco empates e quatro derrotas; marcando 78 e sofrendo 40 gols.
Origem do Teresa Herrera
Criado pela câmara da cidade espanhola de Coruña, o Troféu Teresa Herrera teve como finalidade inicial angariar fundos para o Hospital Dolores, fundado no final do século XVIII por Teresa Margarita Herrera y Posada. Essa mulher, nascida em La Coruña 10 de novembro de 1712, dedicou boa parte de sua vida aos necessitados e morreu em 22 de outubro de 1791, aos 78 anos. Disputado até hoje, o Troféu teve sua primeira edição em 1946, quando foi vencido pelo Sevilha, da Espanha.

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