Duelo de Gigantes

Por Odir Cunha
O Centro de Memória do Santos FC informa que é temerário prever algum resultado quando Santos FC e Cruzeiro se enfrentam. Pois até agora, em 77 jogos, a vantagem santista é de apenas uma vitória. Foram 28 triunfos ao Alvinegro Praiano contra 27 derrotas e 22 empates, 124 gols marcados e 111 sofridos.
Na Vila Belmiro, onde voltarão a se enfrentar nesta quarta-feira, às 19h30, pela Copa do Brasil, o Santos FC tem um saldo de quatro vitórias e 14 gols, pois em 24 jogos venceu 12, perdeu oito e empatou cinco, com 49 gols a favor e 35 contra.
Porém, se forem analisados apenas os confrontos pela Copa do Brasil, constataremos que por essa competição o Santos ainda não venceu o rival, pois em quatro partidas perdeu duas e empatou duas, com cinco gols a favor e oito contra. Há um tabuzinho, portanto, que pode ser quebrado nesta quarta.
Jogão que mudou a história
Quando se sabe que um confronto entre ambos estabeleceu uma nova ordem no futebol brasileiro, é impossível não admitir a grandiosidade desse duelo. Sim, a final da Taça Brasil de 1966, vencido pelo Cruzeiro, mostrou que havia futebol de alto nível fora do eixo Rio-São Paulo e criou as bases do Robertão, que depois se tornaria o Campeonato Nacional. Desde então, com raríssimas exceções, Santos e Cruzeiro fazem jogos bonitos e equilibrados.
No começo, porém, não havia como vencer o Alvinegro Praiano. Na primeira partida entre Santos e Cruzeiro, em 31 de março de 1929, no Estádio Antônio Carlos, o Barro Preto, em Belo Horizonte, o esquadrão santista venceu por 7 a 3, com três gols de Camarão, dois de Feitiço e dois de Evangelista. O Santos tinha um ataque poderoso, formado por Siriri, Camarão, Feitiço, Américo e Evangelista.
Como lembra o historiador Guilherme Gomez Guarche, “pela vitória o Peixe recebeu o troféu dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, nome do governador de Minas Gerais, que estava a tribuna de honra assistindo à partida ao lado do chefe da delegação do Santos FC, dr. Paulo Moura. Antes da partida foi lançada a pedra fundamental para a construção do estádio da equipe mineira. Uma curiosidade: essa foi a primeira e única vez em que o time santista enfrentou a equipe mineira com o nome de SS Palestra Itália.”
Nas partidas seguintes a sorte da equipe de Minas Gerais não foi diferente: perdeu por 4 a 2 em um amistoso jogado em 10 de fevereiro de 1944; de 4 a 3 no Quadrangular de Belo Horizonte, em 25 de fevereiro de 1951; de 4 a 2 em 15 de novembro de 1954, na primeira vez em que se defrontaram na Vila Belmiro, e novamente de 4 a 2 em 23 de dezembro de 1958, em um amistoso no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Percebam, leitor e leitora, que nos primeiros cinco jogos entre ambos o Santos marcou 23 gols, média de 4,6 gols por jogo!
Apenas em 29 de março de 1966 o Cruzeiro derrotaria o Santos FC pela primeira vez, em um amistoso no Mineirão, estádio inaugurado sete meses antes. No mesmo ano viria a final da Taça Brasil, em dois jogos que o Cruzeiro venceu por 6 a 2 e 3 a 2, conquistando seu primeiro título brasileiro e expandindo a geografia do futebol nacional.
A partir daí Santos FC e Cruzeiro não decidiram mais títulos, mas fizeram grandes partidas, como a de 13 de outubro de 1968, no Morumbi, vencida pelos santistas por 2 a 0, em que muitos dos jogadores da Seleção Brasileira estavam em campo, tais como Pelé, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Tostão e Piazza, todos campeão mundiais no México em 1970.
Em 30 de março de 1983, na campanha que o levou ao vice-campeonato brasileiro, o Santos FC goleou o Cruzeiro por 5 a 0, no Morumbi, mas a goleada mais lembrada entre ambos é a de 3 de novembro de 2012, no Estádio Independência, em que Neymar marcou três gols, deu um show particular, chegou a ter o seu nome ovacionado pelos cruzeirenses, e o Santos venceu por 4 a 0.

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