Batalha de Rosário é homenageada na Vila Belmiro

A Vila Belmiro foi palco, na noite desta quinta-feira (25), de uma grande prova de reconhecimento, respeito e valorização da parte do Santos Futebol Clube à sua história e, sobretudo, aos seus ídolos. Uma justa condecoração foi eternizada no hall de homenagens, localizado logo na entrada do Portão 6, aos guerreiros vencedores da Batalha do Rosário, triunfo do qual completou 20 anos no último dia 21 de outubro de 2018.
A homenagem, uma placa prata com detalhes dourados e escrita em cor preta, conta com uma logomarca em seu ponto central produzida especialmente para esta partida contra o Rosário, mandante daquele jogo de volta realizado no Gigante de Arroyito. Ao lado direito, o nome daqueles que, mesmo diante de muita violência e descontrole emocional dos torcedores locais, compuseram o elenco que acabou com o adversário e com a seca de títulos importantes até aquela data.
Estão presentes os nomes de Zetti, Argel, Athirson, Anderson, Claudiomiro, Sandro, Lúcio, Narciso, Viola, Jorginho, Adiel, Nando, Jean, Baiano, Dutra, Elder, Bsilio, Fernandes, Alessandro, Baez, Fumagalli, Fernando Leão, Eduardo Marques, Gustavo Nery e Marconato, além de Emerson Leão, comandante desta conquista e que quatro anos depois nos brindaria com o heptacampeonato brasileiro.

“Nem a fúria de 46 mil torcedores contrários. Nem a violência dos jogadores do Rosário Central. Na noite de quarta-feira, 21 de outubro, o Estágio Gigante de Arroyito teve de reverenciar a fé e a garra de um time intransponível, legítimo campeão da Copa Conmebol de 1998”

Dizeres ao lado esquerdo da homenagem, assinado pelo Presidente José Carlos Peres

Embora com clima muito hostil, o Santos FC, que já havia parado uma guerra, não pestanejou e enfrentou esta Batalha com Zetti, Anderson Lima, Sandro, Claudiomiro, Athirson, Marcos Basílio, Narciso, Élder, Eduardo Marques, Fernandes e Alessandro, com Baiano e Adiel entrando posteriormente nos lugares destes dois últimos. A Batalha de Rosário, como bem dito pelo Presidente do Peixe, foi marcada por muita tensão e brutalidade da parte do adversário, mas o 0 a 0 foi suficiente para que o gol do zagueiro Claudiomiro, anotado duas semanas antes na Vila Belmiro, fosse o do título inédito.

“A importância deste título para o Clube se dá por uma peculiaridade muito especial. Há uma simbologia muito grande. Este título representa o primeiro título oficial internacional conquistado pelo Santos FC após a Era Pelé. Este título, além da simbologia, também foi o título mais importante conquistado pelo Clube na dura época de 90. A forma como foi conquistado também traz uma característica marcante, que foi a hostilidade daquela partida. A Copa Conmebol era muito importante para os argentinos. Fica meus parabéns e nossos agradecimentos aos jogadores que participaram desta conquista e ao Presidente José Carlos Peres”, declarou Antônio Aguiar, conselheiro autor da propositura que originou esta homenagem.
Ricardo Agostinho, responsável pela Embaixada do Santos FC em São Paulo e pela organização de uma grande homenagem em prol da Batalha no último dia 20, comentou como foi a articulação do evento, que começou de uma forma curiosa. “A ideia surgiu em minha loja, após um longo papo com o Zetti. Lembramos da conquista, da simbologia dos 20 anos, e assim já passamos a ter a iniciativa de chamar todos os responsáveis. A questão da logística a princípio foi um impasse, mas o Clube ajudou muito. Tivemos muito apoio e, assim, conseguimos juntar mais de 1000 torcedores, juntos com Narciso, Élder, Zetti, Leão… algo interessante é que muitos jovens santistas tiveram contato com essa parte importante de nossa história. Foi maravilhoso”.

Élder, ex-volante presente na decisão, comentou sua experiência como um dos guerreiros da Batalha: “Só Deus e quem viveu este jogo sabe o que foi. O Santos FC deu todo o respaldo, seguranças, mas não adiantava. No momento que chegamos ao estádio o corredor até o vestiário era cada um por si. Tiros, garrafas arremessadas, no vestiário chegou até nós que a partida quase não ocorreria por falta de segurança… foi difícil, mas o jogo ocorreu e fomos vencedores. Foi uma alegria ver os argentinos chorando”.
Narciso, ex-volante e defensor, ressaltou a garra daquele time de 1998. “Jogar contra equipes argentinas é sempre difícil, especialmente em uma final. Talvez tecnicamente não fôssemos o melhor time, mas brigávamos e lutávamos muito, e é por isso que chegamos ao nossos objetivos. Muito feliz por esta homenagem e também pela festa fantástica do último sábado”. Já o ex-diretor do Peixe, José Paulo Fernandes, falou sobre seu receio antes do jogo. “Realmente participamos de uma guerra. Saímos daqui da Vila Belmiro praticamente jurados… dormimos em Buenos Aires e, mesmo com uns 30 seguranças, nossa integridade física não estava garantida. Ainda assim fomos ao jogo. Nossa tática foi a seguinte: eles iam gritar e xingar tanto a gente que uma hora iam cansar. Foi assim que encaramos essa Batalha”, declarou.
Fechando o evento, o Presidente José Carlos Peres assegurou que o Santos Futebol Clube seguirá cada vez mais homenageando seus ídolos, sua história e suas grandes conquistas. “Aqueles que trouxerem a história do Clube e que nos representaram dignamente terão sempre grande espaço. Temos que homenagear as pessoas enquanto estão vivas! É a oportunidade de transmitir todo o nosso carinho, como hoje fazemos com estes heróis”.
(Fotos: Pedro Ernesto Guerra Azevedo)

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