Recopa Sul-Americana, um passo para a terceira conquista da Terra

Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Naquele dia 22 de maio de 1969 o homem chegava bem próximo da Lua. Apenas 15 quilômetros separavam o ser humano de sua conquista. Neste mesmo dia o Santos venceu a Recopa Sul-Americana de 1968 e ganhou o direito de representar a América na Recopa Intercontinental.
A Recopa Sul-Americana foi um torneio de pontos corridos. A equipe com maior pontuação sagrava-se campeã e garantia a vaga para o confronto mundial. Participaram do torneio apenas os campeões sul-americanos da chamada “Taça Intercontinental”, que na prática equivalia ao título mundial interclubes: Santos (1962/63), Peñarol (1961/66) e Racing (1967).
O Santos venceu as duas partidas do turno. No confronto contra o Racing, no Palestra Itália, ganhou por 2 a 0 e, no Maracanã superou o Peñarol por 1 a 0. No returno, jogando em Avellaneda, na Argentina, venceu o anfitrião Racing por 3 a 2, em um confronto sensacional e uma exibição brilhante da equipe, mesmo sem Pelé em campo.
O Peixe começou perdendo d a equipe argentina, virou o jogo no início do segundo tempo, com dois gols do artilheiro Toninho Guerreiro, e sofreu o empate aos 42 minutos. Um minuto depois, porém, veio o lance derradeiro: o habilidoso Negreiros percebeu o goleiro Cejas adiantado e chutou de longe, fazendo o gol da vitória.
Naquela noite fria e chuvosa de 16 de abril o time de Antoninho formou com Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Manoel Maria, Toninho Guerreiro, Douglas e Edu. Com o triunfo, o Santos se consolidou na liderança, com seis pontos ganhos (na época vitórias valiam dois pontos).
O Peixe cruzou o Rio da Prata e seguiu para o Uruguai em clima de final. Bastaria um empate e o Peñarol não alcançaria mais o líder. Contudo, naquele 19 de abril o Alvinegro foi surpreendido e perdeu por 3 a 0. O meia-atacante Pedro Rocha, “Verdugo”, fez jus ao apelido de carrasco e marcou dois gols.
Com uma mão na taça o Peñarol foi para a Argentina encarar o já desclassificado Racing. Uma vitória simples naquela quinta-feira, 22 de maio, e o clube uruguaio ficaria com o título e a vaga para disputar a Recopa Mundial com o campeão europeu. Um empate ou uma vitória do Racing e a taça viria para a Vila Belmiro.
A rivalidade sul-americana falou mais alto. O Racing, que não havia pontuado na competição, arrancou um heroico empate. Basile, contra, marcou para o Peñarol aos 12 minutos, mas Da Silva empatou para o Racing aos 44, ainda no primeiro tempo.
Os hermanos argentinos acabaram com o sonho uruguaio e o Santos se tornou campeão da 1ª Recopa Sul-Americana, enquanto o homem se aproximava da Lua, na missão Apollo 10.
O triunfo coroava a supremacia santista na década de 1960. Com a conquista, o time de Vila Belmiro iria para a Itália enfrentar a Internazionale, outro bicampeão Intercontinental (1964/65), por mais um título de abrangência mundial.
Em 20 de julho de 1969 o homem finalmente pisou na Lua. Alguns dias antes, em Milão, o Santos conquistou, mais uma vez, o planeta Terra. Mas esta é uma história para ser contada em 24 de junho.

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