Memória: Urbano Caldeira escrevia ao presidente Agnello Cícero de Oliveira

No dia 03 de junho de 1916, Urbano Caldeira escrevia ao presidente Agnello Cícero de Oliveira:
Ilmo. Sr. Presidente do Santos Football Club
A minha permanência ou o meu afastamento do Clube, não importa no maior ou menor embaraço à marcha segura e brilhante que ele tem trilhado.
Sei aquilo que sou e não tenho pretensões de balofas verdades nem deslumbramentos de incontidos orgulhos; se de fato, fiz alguma coisa de mérito, de valor, de real e imediato proveito aos interesses morais e materiais do Clube, tudo foi apenas uma exata compenetração das minhas atribuições no exercício dos cargos que, por imerecida honra, me confiaram os sócios e os diretores do “Santos”.
Assim, convencido, não justifico os agradecimentos e as expressões de elogio com que me desvanecestes e referentes a esses serviços que eu mesmo não sei quais são: acho apenas que houve de minha parte uma ideia fixa de cumprir com as múltiplas obrigações a meu cargo da forma a melhor e dentro do limitado esforço da minha duvidosa competência.
A minha dedicação, sim, foi ilimitada atingindo mesmo uma devoção, tudo sacrificando, amizades, interesses e mesmo a saúde, para manter no mais elevado lugar o renome querido do glorioso “Santos”, ela, porém, prescinde de agradecimentos e louvores porquanto defendendo o Santos Football Club eu batia-me pelo meu próprio ideal!
Invocado que foi esse meu intenso pelo Clube, devo dizer que ele ainda não desmereceu a que tão cedo não fenecerá.
Guilherme Gomez Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística

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